segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Filosofia da Educação

EDUCAÇÃO

A educação é tão antiga quanto o homem, educação não é o mesmo que escola. A palavra educação deriva do verbo latino educar, que significa alimentar/extrair. Educar é o ato de alimentar o espírito, alimentar o intelecto. O conhecimento vem de fora para dentro, como a comida. As informações passam a fazer parte do indivíduo.
A educação extrai, o aluno tem potencialidade e cabe ao professor extrair, tirar do aluno o que ele tem de melhor à oferecer.
Existem dois tipos de educação:
  • Sistemática (formal) - Tem objetivos, conteúdos e espaço específico.
  • Assistemática (informal) – Não tem local certo para acontecer, objetivos e conteúdos predeterminados.
A educação transmite e transforma. Transmite um corpo de informações de geração a geração e transforma, renova as informações. “Cultura sem educação é cultura morta” Lourenzo Luzuriaga. A educação acontece dentro de uma cultura e ela é responsável pela vida de cada cultura.

PLATÃO

Platão era de família rica, influente em termos políticos. Sólon, legislador ateniense e Crítias um dos trinta tiranos eram seus parentes. Tudo apontava que ele também se dedicaria a política.
Durante a adolescência ele foi atleta e participava das olimpíadas da cidade. Por volta dos 19/20 anos tornou-se discípulo de Sócrates, que para ele era o mais digno dos homens. Platão foi testemunha da morte de Sócrates em 399 a.C., e sentiu muito sua morte.
Era um crítico da democracia, justamente porque viu essa democracia julgar e matar Sócrates. Depois da morte de Sócrates, Platão deixa por um tempo a cidade de Atenas para espairecer, pois tinha ficado muito atormentado por sua perda e temia ser perseguido por ter sido discípulo de Sócrates.
Platão teria ido para o norte da África, para escola pitagórica e depois para Siracusa. Em Siracusa ele tentou estabelecer, implementar suas ideias políticas. Dizem os historiadores que em Siracusa ele conheceu Dion, parente de Dionísio I “o velho”, governante da cidade. Ele construiu uma amizade muito íntima com Dion, dizem que os dois chegaram a ser amantes, o que era normal e aceito com naturalidade na época. Platão criou laços de amizade com Dion com o intuito de aproximar-se de Dionísio I para apresentar-lhe suas ideias políticas, mas o governante não aceita suas ideias. Ele sente-se muito decepcionado, então volta para Atenas e adquiri um terreno em Academus, região que homenageava um herói grego, e constrói uma escola que foi nomeada de Academia, essa escola funcionou por quase 1.000 anos e só fechou quando o Império Romano caiu.
No portal da Academia havia uma placa que dizia “Não entre quem não saiba geometria”, ele era um amante da matemática.
Quando Dionísio I morre, Dion envia-lhe uma correspondência pedindo que retorne a Siracusa, pois o sobrinho do falecido governante, que ficou conhecido como Dionísio II “o novo” havia ocupado o posto e talvez ele aceitasse implementar suas ideias políticas, mas o novo governante não aceita.
Platão volta para Atenas e continua ministrando aulas na Academia, após um determinado tempo Dionísio II, envia-lhe correspondência pedindo que ele vá até Siracusa, eles conversam, mas acabam discutindo e brigam. Então Dionísio II manda prender Platão e coloca-o à venda como escravo, um amigo o compra para libertá-lo e assim, ele volta para Atenas e não retorna mais a Siracusa.

O MITO OU ALEGORIA DA CAVERNA

O livro de Platão, A república, no capítulo VII sintetiza todo o pensamento político dele.
O mito conta que alguns homens viviam dentro de uma caverna acorrentados e sem consciência de que estavam dentro de uma caverna, porque estavam virados para o fundo da caverna. Esse homens viam as sombras das coisas que passavam do lado de fora projetadas no fundo da caverna, para eles as sombras eram os objetos reais.
Certa vez, um homem conseguiu se soltar, se liberta das correntes e ao olhar para trás, percebe que estava vivendo no fundo de uma caverna, ele começa a sair da entrada, sente ardência nos olhos porque estava acostumado a escuridão. Quando ele chega a superfície, vê que os objetos que ele via no fundo da caverna eram apenas sombras de objetos, pessoas, pássaros e etc. Ele sente medo e pensa até em acorrentar-se novamente, mas quando ele se acostuma a luz do dia e vê que a verdade não são as sombras, decide voltar para caverna e libertar os outros. Então ele volta novamente com dificuldade, pois agora ele já havia se acostumado a claridade e conta tudo o que viu, que o que todos acreditam ser a realidade não passa de reflexos de coisas do lado de fora, mas os outros não acreditam e matam ele.
Esse homem que volta para trazer os outros a realidade é Sócrates, que tentou mostrar a verdade para os jovens atenienses e acabou sendo condenado e morto porque a aristocracia não acreditou nele.
O mito também tem um caráter pedagógico, pois as correntes que Platão se refere são as do senso comum, as correntes da ignorância. Quando o homem se liberta e sobe para fora da caverna, para realidade com dificuldade, não é fácil para ele encarar a verdade assim como, não é fácil adquirir conhecimento, o conhecimento é adquirido lentamente, é gradual, exaustivo, o conhecimento traz dor. Chegar a verdade não é fácil, incomoda mudar.
Esse homem que saiu da caverna, que se libertou da mentira em que vivia, tem a importante missão política de levar a verdade aos outros. A missão do professor também é levar novos conhecimentos e no processo de ensinar, o professor também é hostilizado.
É concebível que os acorrentados hostilizem o conhecedor, mas inconcebível que o conhecedor hostilize os ignorantes.
No livro VII, Platão também cita uma grade curricular para formar o filósofo rei (governante), cita cinco disciplinas: Ciência dos números (matemática), Geometria, Astronomia, Harmônia ( música) e Dialética (filosofia).
  • Geometria – Lida com abstrações, todo conceito geométrico aplicado na matéria não é perfeito, por exemplo, se desenharmos um círculo no papel não ficará perfeito como no pensamento idealizado porque sofre ação do tempo, desgaste natural, o tempo age sobre a matéria. Para entender geometria é preciso saber matemática. A geometria exercita o raciocínio lógico.
  • Astronomia – Só é possível estudá-la tendo conhecimento prévio da matemática e da geometria. Estuda os astros, sua forma de organização. Platão acreditava que os astros tinham uma lógica de funcionamento, harmônia, por isso o filósofo poderia aplicá-la na política.
  • Harmônia – Platão percebeu que a música tem um poder de encantar muito grande, pois a música é um deleite para o espírito, acalma, desperta os sentimentos. Para ele o filósofo rei deveria aprender a tocar instrumentos e ouvir música.
  • Dialética – Diálogos, logos, significa razão, ideias em movimento. Segundo Platão a dialética é perigosa, pois pode deixar o homem arrogante. Então ele diz que deve ser ensinada somente para maiores de trinta anos, para homens maduros.
Sabendo todas as disciplinas apresentadas, o indivíduo se tornaria sensível e apto a governar. O político deveria saber governar a cidade, com a mesma habilidade que um tecelão tem ao entrelaçar os fios de uma roupa.
Platão visava um sistema educacional democrático, com 20 anos os filhos dos magistrados se misturavam aos guardiões e proprietários para estudar e participar das provas.

TEORIA DAS IDEIAS

Platão é um representante da filosofia idealista, pois ele supervalorizava as ideias, dava mais ênfase as ideias do que ao mundo material. Para ele as ideias antecedem a materialidade, por exemplo, o marceneiro imagina uma mesa antes de fazê-la.
Platão divide a realidade em duas (dualismo):
  • O mundo das ideias (o mundo das essências, dos conceitos) - que é perfeito, imutável. Não sofre a ação do tempo
  • O mundo sensível (o mundo da materialidade) – o mundo onde vivemos que é imperfeito, mutável, efêmero. Sofre a ação do tempo, está sempre mudando, mundo de transformações.
Para ele o ser humano também se divide em duas realidades: o corpo e a alma. A Alma é aquilo que anima, que dá vida ao corpo e ela chegou a habitar o mundo das ideias, da verdade absoluta.
Platão escreveu um diálogo chamado Fedro, no qual ele diz que a alma estava guiando uma carruagem com dois cavalos, um era a razão e o outro a concupciência. Numa queda a alma vem para o mundo sensível e fica aprisionada no corpo .
Ele usa essa metáfora para explicar que a alma pertence ao mundo das ideias, pois ela ama a razão, a verdade absoluta, mas nessa queda ela esqueceu o caminho do mundo das ideias, esqueceu a verdade, o caminho da razão e a única maneira de retornar ao mundo que tanto ama é através da atethéia (recordar, redescobrir), através do conhecimento. Ele diz que a alma ficaria reencarnando até purificar-se, redescobrir-se para poder se libertar do cárcere do corpo.

ARISTÓTELES

Ao contrário do que se pensa Aristóteles não nasceu na Grécia e sim na cidade de Estagira, no sul da Macedônia que faz fronteira com o norte da Grécia.
Ele não é Grego de nascença, mas a vida dele e a trajetória intelectual se desenvolveu na Grécia.
Aristóteles fazia parte de uma família bem situada, o pai dele Nicomaco, era médico de Amintas e Felipe II reis da Macedônia, portanto tinham boas condições financeiras.
Por volta dos 18 anos, Aristóteles vai para Atenas e começa a estudar na Academia de Platão. Tinha um grau intelectual de maturidade tão grande que chegou a ministrar aulas na ausência de Platão. Era o aluno que mais se destacava, acima da média, um aluno exemplar.
Aristóteles acreditava que depois que Platão falecesse, se tornaria administrador da Academia, mas pouco antes de morrer Platão faz um testamento e deixa seu sobrinho que tinha um nível intelectual inferior ao de Aristóteles responsável pela Academia. Então Aristóteles fica decepcionado, chega até a abandonar a Academia e depois de um tempo funda a sua própria escola, chamada de Liceu.
Quando mais velho, foi convidado por Felipe II para retornar a Macedônia, como preceptor de seu filho Alexandre “o grande”, ele aceita o convite e volta à Macedônia.
Alexandre e Aristóteles tem um grande respeito pela Grécia, por terem tido uma educação grega. Alexandre se tornou um homem polido e culto, preservou a Grécia quando teve domínio sobre ela, até por causa desse respeito que sentia.
O Liceu, também conhecido como a escola dos pirapatéticos (aqueles que caminham), pois no interior da escola existiam jardins, Aristóteles gostava de ministrar suas aulas enquanto caminhava pelos jardins. Ele escreveu muitos textos, entre eles: Política e Ética à Nicomaco, que talvez seja o mais importante. Nesse livro tem uma frase que sintetiza parte da sua filosofia, O homem é um animal Político”.
Político, deriva de Pólis, cidades, espaço onde pessoas convivem, se relacionam, discordam, concordam. Com essa frase ele quer dizer que o homem é um animal que esta propenso a viver coletivamente, em sociedade, pois nós seres humanos somos dependentes um do outro “uma andorinha voando sozinha não faz verão”, uma pessoa sozinha não faz nada, faz parte da nossa essência ser sociais.
O que mais incomodava Aristóteles era como alcançar a felicidade, a vida boa, a vida ética. Para ele não existia dois mundos, o dualismo de Platão, mas sim o mundo real.
Para Platão uma mesa pode desaparecer, mas sua essência sempre estará no mundo das ideias.
Essência é aquilo que faz de uma coisa, esta coisa e não outra. Essa era a definição de essência para Aristóteles, ele dizia que cada objeto tinha a sua essência, sua própria característica e quando o objeto desaparece, a sua essência também desaparece, pois a sua essência está no próprio objeto e não no mundo das ideias.
Aristóteles tenta descobrir qual é a essência do ser humano, o que faz o ser humano ser diferente de outros animais. Então ele diz que a essência do homem é a sua razão, sua capacidade de pensar.
Ele diz que todo ser humano deseja a felicidade, que o propósito, o fim do ser humano é ser feliz, todos os nossos desejos são subterfúgios para chegar a felicidade. Para ele a felicidade não é relativa, pois esta ligada a essência, a razão, ele diz que o homem só irá alcançar a felicidade, se aproximar da felicidade, quando aprimorar o que há de essencial em si.
O primeiro passo para o homem aprimorar a sua essência é se dedicar aos estudos, a teorética . O segundo é agir de maneira moderada, dentro da “justa medida” das coisas, de maneira virtuosa, não cometer excessos para não cair no vício, porque excessos levam ao vício. Se a balança de nossas ações estão equilibradas podemos encontrar a felicidade. O terceiro passo é através da Philia (amizade/ amor), que para ele é a maior forma de representar o amor, ele coloca a amizade acima do amor Eros (amor erótico), porque a amizade sincera, verdadeira não sofre desgaste do tempo, vínculos de amizade sincera não se quebram.
Seguindo esses três passos, unindo-os , o homem poderia chegar a felicidade, para ele um homem que tem os três elementos citados, é um homem feliz.
Aristóteles foi o último pensador do período Clássico, nenhum outro alcançou tal status intelectual.

PERÍODO HELENÍSTICO
Decadência Grega

Depois que Péricles reformou Atenas, a pólis cresceu culturalmente e militarmente, alcançou patamares grandiosos no ponto de vista comercial, tornou-se “a cidade” da Grécia, no séc. V a.C., a maior frota marítima pertencia a Atenas.
O crescimento de Atenas incomodava Esparta, os espartanos se sentiam ameaçados por Atenas. Então ocorre a guerra de Peloponeso (região que abrange tanto Atenas como Esparta).
Esparta vence Atenas, mas sai da guerra muito fragilizada, enfraquecida. Aproveitando-se dessa fraqueza, a cidade de Corinto invade Esparta, derrotando-a facilmente. A Grécia se torna um poço de guerra, uma cidade voltando-se contra a outra e a Grécia enfraquece e assim Alexandre “o grande”, rei da Macedônia domina a Grécia e a partir disso começa O Império Alexandrino que em um determinado momento desmorona.
Enquanto isso na Itália, uma cidade começa a crescer e se torna o maior Império do mundo. Surge primeiro como uma república, depois se torna o Império Romano, após conquistar todas as regiões da Itália, Roma passa a dominar outras localidades, inclusive a Grécia. Eles dominam a Grécia, mas ficam encantados com a cultura grega e incorporam a sua própria cultura. A dominação do Império Romano é política, pois culturalmente foi a Grécia que dominou Roma, a arquitetura, os deuses romanos se baseiam nos gregos.
O Império Romano conquistou quase todo o mundo conhecido da época, apenas algumas regiões habitadas por bárbaros que ofereceram resistência não foram dominadas.
Foi durante a ascensão do Império Romano que surgiu uma religião no Oriente Médio, o Cristianismo. Cristo tornou-se um divisor de águas na história, ele era conhecido apenas na região que morava, depois de sua morte os apóstolos, principalmente Pedro e Paulo passam a difundir as suas ideias .
Paulo teve uma educação refinada, grega, tinha uma educação de berço muito boa e conhecia as teorias de Platão, ele é o responsável pela introdução de algumas ideias platônicas dentro do cristianismo, como a ideia de paraíso que seria o mundo das ideias e a vida terrena, que seria o mundo sensível.
Quando o Cristianismo passa a ser divulgado, num primeiro momento era proibido, os cultos religiosos eram feitos nas catacumbas, onde eram enterrados os mortos e se fossem descobertos eram presos, julgados e até mortos, jogados em jaulas para serem devorados por leões.
Somente no séc. III, o imperador Constantino libera a prática cristã que mais tarde se tornaria a religião oficial do Império Romano.

IMPÉRIO ROMANO

O Império Romano dominou grande parte da Europa, Ásia e África, cresceu tanto que teve que ser dividido politicamente em Império Romano Ocidental, capital Roma e Império Romano Oriental, capital Constantinopla (fundada por Constantino).
O Império romano começa a apresentar sinais de fragilidade a partir do séc. III, a população passava por dificuldades, fome e politicamente havia muitas divergências.
Alguns bárbaros godos, visigodos, ostrogodos e outros que viviam na fronteira com o Império, a partir do séc. IV começam a invadir Roma. Esse povos bárbaros fugiam dos hunos, povos bárbaros militarizados, extremamente violentos, sanguinários, praticavam a morte por empalamento (Suplício que consistia em espetar um condenado, pelo períneo, numa estaca aguda que lhe atravessava as entranhas), colocavam fogo nas aldeias, invadiam regiões e deixavam somente as mulheres vivas, por isso os godos e outros invadem Roma procurando se proteger deles.
Roma que já estava fragilizada não suporta a chegada em massa desses povos, por isso o Império Ocidental cai. Ele cai não só por causa das invasões bárbaras que desestruturaram Roma, mas também porque já estava fragilizado.
Então as pessoas passam a fugir para os campos em busca de proteção, dando início ao processo de ruralização. As pessoas pediam proteção aos senhores feudais e se tornam servos (Feudalismo).

IDADE MÉDIA

Com a queda do Império romano Ocidental começa o processo de ruralização, a vida que estava centrada nas cidades, a massa começa a procurar proteção nos campos, pois era mais fácil se proteger. No campo tinham os nobres que possuíam terras, as famílias vão chegando e praticando o ato de suplício, suplicavam por trabalho em troca da proteção nos feudos que tinham muros e exércitos preparados. Acontece uma descentralização política, uma fragmentação do poder político porque cada feudo tinha sua própria autonomia, seu senhor feudal que mandava e desmandava, existiam reis que tinham menos poder do que os nobres.
Estrutura social:
  • Clero - tinha o alto clero com membros que conviviam com os nobres e o baixo clero com membros que conviviam com os servos.
  • Nobres – senhores feudais, donos de terras que protegiam os servos.
  • Servos – que trabalhavam cinco dias para o seu senhor e dois para sua subsistência em troca de proteção.
A Idade média se notabilizou pela coletividade, os servos trabalhavam por todas as camadas sociais. Existia uma troca entre eles, a média de vida era 40 anos porque eles tinham uma vida difícil, passavam necessidades, não era só os servos que passavam por dificuldades, os nobres também, pois tinham que se envolver em combates, perdiam pernas, braços e o clero que vivia nos mosteiros que ficavam em lugares altos úmidos e frios, também trabalhavam na agricultura e nas atividades do mosteiro acabavam morrendo de pneumonia.
A grande instituição social desse período foi a Igreja. Os bárbaros destruíam tudo, menos a Igreja por respeito a religião alheia e medo do divino, desse modo a Igreja se manteve forte e as grandes obras culturais foram armazenadas na Igreja, os livros que eram pergaminhos, o poder intelectual, quem decidia o que era certo ou errado era a Igreja tornando a sociedade coesa.
Muitas obras clássicas só chegaram até os dias de hoje por causa que os copistas, os monges que copiavam, traduziam e preservavam os livros, por outro lado a Igreja abusava do poder, o ser humano tinha muito medo da morte, se preocupava muito em salvar a alma. Esse medo atormentava as pessoas, a imagem da morte com uma capa preta e a foice na mão e outras imagens do demônio foram criadas na Idade Média, esse temor fazia a Igreja manter o poder sobre a sociedade.
O modo de produção feudal foi predominante na Europa ocidental. A partir do séc. IX surgem algumas transformações, como a figura do mascate (comerciante ambulante).
Na Idade média as pessoas não tinham o hábito de consumir, eles encomendavam por exemplo, eles só compravam um sapato quando o outro já não tinha condições de uso, então o sapateiro ia medir o pé da pessoa e depois de um tempo estava pronto para ser vendido. Depois de um certo tempo, uma pessoa resolve pegar os sapatos que haviam sido encomendados e o cliente não tinha ido buscar, então ele compra esses calçados e sai vendendo em outros lugares, assim surge o mascate que viajava por diversos lugares vendendo todo o tipo de coisa.
Com isso surgem as corporações de ofícios (espécie de sindicato) para todos os profissionais, que estabeleceu regras, era proibido produzir a “luz de velas”, a noite para não levar vantagem sobre os que só produziam durante o dia, depois de algum tempo esses comerciantes ambulantes começam a ter lucro e passam a se estabelecer em cidades comerciais, burgos. Esses burgos “ressuscitam” a vida urbana, os servos começam a ir para os burgos na procura de condições melhores.
O comércio se caracteriza pelo individualismo, isso ajuda a corroer a estrutura da Idade média contribuindo para sua desintegração. Surgem também algumas competições esportivas, festivais, cavaleiros de diversas regiões participam dessas competições, o vencedor ganhava um pedaço de terra e uma noiva, às vezes aconteciam mortes, mas não era a intenção.
Aparece timidamente o mercantilismo, surgem universidades onde o ensino era rígido, aprendiam o trivium e quadrivium, que são as sete artes liberais: gramática, lógica, retórica, aritmética, astronomia, música e geometria.
O Feudalismo vai perdendo força e no séc. XIV surge na Itália o Renascimento dando fim a idade Média.

RENASCIMENTO

Na Idade Média o homem era contemplativo, observava mais do que agia e no Renascimento o homem se torna ativo, enfrenta o próprio destino para realizar grandes feitos, o que esta renascendo é o espírito empreendedor.
O Renascimento é um movimento cultural que surgiu na Itália, área que mesmo durante a Idade Média não deixou de ser urbana.
Surgem no sul da Itália, famílias ricas, burguesas chamadas de Mecenas, que enriqueciam muito por meio do comércio. Essas famílias financiaram o movimento renascentista que rompia gradualmente com a estrutura medieval.
Os Mecenas financiavam as obras culturais levando a Itália a se transformar num “pólo cultural“ da época, era comum ver escultores, pintores, atores em praças pública, encontrar filósofos bebendo vinho, ocorria uma efervescência cultural.
Essa época se caracterizou pelo antropocentrismo (homem como centro do universo), valorização do homem. O homo-faber que é o homem que faz, que cria, constrói é intenso nesse movimento, o homem curioso queria descobrir os mistérios da natureza e para isso aparece a filosofia e a ciência, como instrumentos que o ajuda nesses objetivos avançando de maneira mais livre.
As superstições são deixadas de lado para haver descobertas, eles tinham uma visão progressista, eram homens que se arriscavam e enfrentavam seus medos.
Leonardo da Vinci é um homem que representa esse movimento, o espírito renascentista, pois ele foi escultor, pintor, inventor e cientista.

AUTORES RENASCENTISTAS

Nicolau Maquiavel

Nicolau Maquiavel foi um grande teórico político, nasceu em Florença na Itália. A Itália ainda não existia como nação, era uma região formada por várias cidades que tinham sua própria autonomia política. Na época de seu nascimento Florença era uma república, tinha seu sistema político.
Ele era filho de uma família de classe média, com 29 anos e formado em direito foi trabalhar na chancelaria de Florença que como uma cidade comercial, tinha que estabelecer contratos/acordos, Maquiavel era uma espécie de diplomata, representava a cidade nas negociações.
O grande sonho dele era ver a Itália unificada, ele presenciou a família dos Médici, que eram muito ricos, burgueses derrubar a república de Florença. Uma das primeiras ações dos Médici foi despedir dos cargos aqueles que tinham relação com a república, inclusive Maquiavel que dizem ter sido até torturado.
Maquiavel se retira para uma casa de campo, onde ele fazia uma espécie de rotina: todos os dias se trancava na biblioteca para “conversar com os antigos”, lia livros principalmente gregos, é daí que surge o livro O príncipe que é na verdade um grande manual político que tenta responder duas perguntas:
  • Como chegar ao poder?
  • Como se manter no poder?
Ele busca na história greco-romana elementos, virtudes e defeitos para mostrar como não cometer erros. Ele diz que “o príncipe deve ser forte como um leão e astuto como uma raposa” ou seja, o príncipe assim como o leão quando se sentir ameaçado deve agir com força devastando o adversário, não dar chances e governar com esperteza e inteligência. “Os fins justificam os meios”, não importa os caminhos, os métodos que utilizo com tanto que chegue, alcance o meu objetivo.
“A sorte é como uma mulher, só a conquista quem ousar conquistá-la”, o governante é aquele que ousa, não fica na defensiva, se arrisca. Na obra O príncipe ele chega a afirmar que existe a fortuna (sorte) e a virtú (virtude), diz que em cada um existe 50% das duas coisas.
Fortuna é a sorte, não temos controle, podem acontecer coisas positivas ou negativas. Virtú vem de virilidade, atividade, que é a parte que podemos dominar, devemos realizar, empreender grandes feitos.
Essa obra foi muito mal vista e em alguns lugares foi proibida, pois acreditavam que era uma evocação de homem anti-ético, mas na verdade Maquiavel não queria dizer que os políticos deveriam agir assim, ele apenas sistematizou como os políticos agem baseando-se nos seus estudos. Para ele havia uma separação entre ética e política.

Michael de Montaigne

Michael de Montaigne foi um autor Francês que ficou principalmente conhecido por sua literatura, é reconhecido até hoje na França. Nasceu de uma família burguesa de comerciantes, sua família começou a enriquecer a partir de seu bisavô que montou uma pequena mercearia na região de Bourdeaux, essa mercearia cresceu e com a riqueza acumulada seu bisavô comprou uma propriedade na região de Montaigne. Nessa época dependendo do tamanho da propriedade comprada, recebia-se um título de nobreza e assim o bisavô de Michael de Montaigne se transformou no senhor de Montaigne, o título de nobreza é hereditário e foi passado até chegar no pai de Michael, Pierre, que era conhecido por sua vida militar.
Pierre deu ao filho uma educação refinada, só contratava empregados que soubessem falar latim e eram proibidos de falar em outro idioma, só podiam se dirigir a Michael em latim. Contratou um preceptor alemão que lecionava latim ao seu filho, língua que era universal na época, por isso preocupava-se que o filho aprendesse desde cedo. Michael era acordado todas as manhãs com música para que desenvolve-se a audição e sensibilidade musical. Essa vida só perdurou até os 7 anos, pois ele foi mandado para um colégio Jesuíta, muito rígido que lhe deixou marcas negativas.
Seu prazer era a filosofia entretanto formou-se em Direito para agradar o pai, chegou a trabalhar no parlamento francês, mas achava seu emprego monótono e chato, depois de um tempo ele deixa o parlamento. Ele também foi prefeito da região de Montaigne, nessa época teve que lidar com uma calamidade pública, a peste negra, e se trancafiou numa torre, por essa atitude o rei quase o enforcou.
Com 33 anos, casou-se com Françoise, filha de um político influente da região. Michael não gostava de sua esposa, casou-se por conveniência, mas ainda assim teve uma filha com ela, Eleonor, que vivia doente.
A vida dele modifica quando conhece seu amigo Étienne de La Boétie, ambos gostavam muito de sair pela noite, se divertiam nas tabernas. Quando Étienne morre Michael se tranca em seu castelo, dedicando-se a escrever a sua maior obra, Os ensaios, que trata dos mais variados assuntos, como ensaios filosóficos, literários e inclusive pedagógicos.
“Como filosofar é aprender a morrer” é um de seus ensaios que fala sobre a morte, para ele a filosofia era uma espécie de preparação para morte, ele mostra que a morte é apenas um dos lados da mesma moeda, deve ser encarada naturalmente. Ele conta como a morte aparece inesperadamente na vida das pessoas.
Michael era extremamente sensível e bem educado, ele era terminantemente contrário ao ensino de latim para crianças, pois considerava uma língua complicada que cobrava uma atenção muito grande. Ele acreditava que as crianças deveriam aprender desde cedo a cuidar da higiene do corpo e da saúde praticando exercícios físicos, pois naquela época isso não era comum, ele também cobrava os bons modos, saber como se portar na mesa. Podemos notar um certo resquício da educação nobre que recebeu. Ele foi um autor que do ponto de vista pedagógico iniciou uma reflexão acerca da educação prática, problemática que também é tratada por Rabelais.

François Rabelais

François Rabelais foi um autor francês que ficou conhecido por suas ideias pedagógicas e por seu principal romance intitulado Gargântua. Esse romance tem um caráter pedagógico, basicamente o tema é a educação.
O romance conta a história de um gigante chamado Gargântua que durante 50 anos foi educado pelo método tradicional escolástico de ensino, que se caracterizava pelo trivium e o quadrivium , a educação era memorística e livresca, ou seja pautada nos livros. Geralmente o aluno era levado a horas e horas de leitura e memorização, no romance Gargântua mostra toda a rotina do dia, lendo e decorando sucessivamente, ele tinha um preceptor e em certo momento confronta-se com um jovem que havia recebido 2 anos de educação moderna e passa a ser visto como um idiota porque não conhecia nada de real, apenas teoria e o jovem conhecia as coisas na prática.
Decepcionado Gargântua decidi expelir tudo o que havia decorado durante esses 50 anos e começar a estudar pelo método prático.
O método moderno de ensino era através da prática da atividade, por exemplo, ao invés de falar ou ler nos livros sobre uma montanha, os alunos eram levados até uma montanha para ver de perto o que estavam estudando. Essa é a prática que Rabelais defende.
No final do romance Gargântua escreve uma carta ao seu filho, Pontagruel, dando-lhe um conselho “se for se educar, aprenda pelo método moderno”.
É necessário entender primeiro na prática, pois abstrações só tem sentido para reflexão após o conhecimento real, prático.

Jean Amos Comenius

Comenius foi um dos maiores pensadores da educação moderna, conhecido principalmente por sua obra intitulada Didática Magna que é fundamental para o pensamento pedagógico moderno, porque ele escreve a obra com conhecimento de fato real, pois era um educador.
A Didática Magna é uma referência para reflexão a respeito do método de ensino,ou seja, como o professor educa seus alunos, como o professor torna a matéria acessível ao aluno. Comenius preocupava-se muito com a falta de didática por isso tenta responder três perguntas: para quem ensinar? Para que ensinar? Como ensinar?
Refletindo sobre essas perguntas Comenius que era um homem sensível, diz que para que o professor tenha eficácia no seu método de ensino, deve primeiro responder a primeira pergunta porque conhecendo o perfil do aluno, estando a par dos conhecimentos que ele possui ele poderá montar sua didática. Para responder a segunda pergunta deve-se identificar qual o objetivo do conteúdo a ser transmitido, como esse conteúdo poderá mudar a vida do aluno. Sabendo responder essas duas questões terá a resposta da terceira, pois o método depende do perfil do aluno e objetivo, se não souber identificar essas duas coisas não tem como montar um método.
Comenius lança um conceito de Pansofia, de conhecimento universal. Ele acreditava ser possível "ensinar tudo a todos”, mas afinal o que é tudo? O conhecimento se renova tão rápido, o que hoje é verdade amanhã pode não ser, entretanto na época de Comenius demorava mais para as coisas serem renovadas, o conhecimento não era tão volátil como hoje.
Ele foi o primeiro autor a elaborar uma enciclopédia, pois ele acreditava que assim todo o conhecimento seria acessível a todos.

REFORMA PROTESTANTE E CONTRA REFORMA

Durante o Renascimento a população enfrentava uma crise do ponto de vista social, principalmente espiritual, isso porque as mudanças estavam aceleradas e o processo de transição da Idade Média foi muito traumático, deixando o homem europeu atormentado. O papel da igreja era proteger os seus fiéis, porém nesse período ela desencadeia práticas que não lhe correspondia.
O papa Leão X era ambicioso, queria entrar para história basicamente empreendendo um grande projeto: uma grande basílica em Roma, a basílica de São Pedro que existe até os dias atuais, treze vezes maior que a Aparecida do Norte. Entretanto para construir a basílica precisava de dinheiro, o papa recorre a banqueiros italianos que emprestam-lhe dinheiro, mas ainda não era o suficiente. Então ele permite práticas duvidosas do ponto de vista ético: simonia e indulgência.
A simonia foi uma prática muito usual que se caracterizava pela apresentação de relíquias religiosas, nobres colocavam em exposição e cobravam para arrecadar dinheiro, do qual parte se dirigia a Leão X, sendo até algumas relíquias falsas. A indulgência era uma espécie de certificado que dava o direito de entrar no céu, as pessoas atormentadas querendo salvar suas almas pagavam por isso e as riquezas arrecadadas também eram direcionadas ao papa.
Martinho Lutero era proveniente de uma família pobre, educado por um pai extremamente rígido que o agredia verbalmente e fisicamente. Geralmente as famílias pobres mandavam os filhos para o seminário, Lutero é enviado para seguir a vida religiosa, mas tem dúvidas sobre a sua vocação. Quando em uma tempestade o amigo dele que estava ao seu lado é atingido por um raio, ele acredita ser um predestinado e conclui seu doutorado em teologia, torna-se padre numa paróquia em Wittemberg, chegou a ministrar aulas. Sua vida muda quando recebe um convite para ir a Roma, ele viaja e ao chegar decepciona-se com o que vê, pois Roma não era como ele imaginava, depara-se com um comércio religioso.
Lutero que era um homem religioso, sincero volta para Wittemberg e escreve as 95 teses, ideias que fazem crítica a Igreja Católica, o modo que a Igreja andava se comportando e fixa nas portas da Igreja de Wittemberg, alguém decidiu reproduzir, circular essas teses e assim elas chegam até Roma. Lutero é convocado para ir até Roma, recepcionado pelo cardeal Caetano, um homem de extremo bom senso que lhe diz para desculpar-se e acatar as ordens do papa.
O que era pra ser um pedido de desculpa, se torna um debate teológico e acontece uma discussão. Ele é convocado novamente a comparecer a Roma, mas ele não aparece, sabendo que sua vida correria perigo.
O príncipe Frederico o protege, escondendo-o no seu castelo, onde ele traduziu a bíblia para o alemão, Lutero dizia “entre Deus e eu só existem as sagradas escrituras”, ele queria acabar com a tradição do povo de só ouvir a interpretação da Igreja sobre as escrituras, queria que cada um pudesse interpretá-la sozinho. Desse modo Lutero promoveu uma revolução pedagógica, pois junto com a tradução da bíblia são criadas escolas para que as pessoas aprendessem a ler e escrever para manusear as escrituras.

RACIONALISMO X EMPIRISMO

O Racionalismo é uma corrente de pensamento que se caracteriza pela predominância da razão. Na visão dos racionalistas o homem só pode conhecer o mundo através da razão, o ser humano conhece o mundo porque tem a capacidade de pensar.
O homem possui um mundo subjetivo, um mundo interior que está relacionado ao mundo objetivo, mundo externo, que é o mundo fora de si.
Alguns racionalistas: Descartes, Hegel que acreditavam que sem a razão o homem não conheceria o mundo objetivo.
Empirismo vem do termo grego emperia, significa experiência. Essa corrente de pensamento defende que o homem só pode conhecer as coisas através da experiência. Normalmente nós temos 5 sentidos, segundo os empiristas são os sentidos que nos conectam com o mundo objetivo, por exemplo, para sentir uma maça usamos o tato, olfato, paladar e a visão, sem os sentidos não podemos conhecer o mundo.
No séc. XVIII na Alemanha, Immanuel Kant cria o Criticismo que é uma síntese de Racionalismo e Empirismo. Kant diz que os objetos nos oferecem sensações que os sentidos captam, sendo captadas essas sensações vão para o mundo subjetivo e a razão fica responsável por organizá-las, existem formas e categorias que nos ajudam a organizar o conhecimento através do tempo e espaço.
Tempo e espaço já nascem conosco, por exemplo, quando fechamos os olhos e imaginamos um círculo sempre tem um espaço atrás dele.

Jean- Jacques Rousseau

Rousseau nasceu em Genebra em 1712. Ao contrário do que muitos pensam ele não é francês, sua mãe faleceu no seu parto, fato que o deixou muito frustado. Foi criado pelo pai até a adolescência e não era rico. Rousseau teve acesso a biblioteca de romance da mãe, um contato grande com a leitura e literatura desde cedo, e teve uma cultura sólida. Por volta dos 15 anos vai morar com o tio, mais velho ele faz amizade com Iluministas como: Dênis Diderot, Jean-Batista, Voltaire, D' A Lembert.
Periodicamente durante as tardes Rousseau visitava Diderot na prisão, um dia ele vai a pé, depois de algum tempo caminhando ele decide sentar em uma árvore para descansar e vê um panfleto que anunciava um concurso cultural da universidade de Dijon, onde a pergunta que deveria ser respondida era “as ciências e artes contribuíram para o aprimoramento moral dos homens?” Ele produz um texto de 80 páginas e envia para a universidade, respondendo negativamente, com isso ele vence o concurso e fica conhecido em toda a França, fato que mudou a sua vida.
Rousseau desenvolveu um pensamento político, visto como filósofo contratualista, para ele a sociedade foi fundada por um contrato, antes dela existia um estado de natureza, um estado pré-social, onde os homens viviam isolados, tinham que respeitar apenas as leis da natureza, desfruta de perfectibilidade, o homem tem um potencial que pode ou não ser desenvolvido, e alguns desequilíbrios o desenvolveram, as consequências desses acontecimentos desenvolveram a razão, o raciocínio, e os homens reunidos decidem “assinar um contrato” pois decidem abandonar a natureza para viver em sociedade.
Os homens começaram a criar consciência do outro a decidir uns pelos outros.
A passagem do estado natural do homem para o estado social não acabou com a sua liberdade natural, mas se converteu em liberdade civil.
No livro: O contrato social no primeiro parágrafo, Rousseau diz: “O homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe”, em outra frase ele diz: “O homem nasce livre, mas toda parte se encontra preso.”
Ele faz críticas a sociedade em que vive, a sociedade francesa do século XVIII, ele pretende entender como é possível viver em sociedade não se corrompendo nem perdendo sua liberdade. Para ele realizar algo orientado por si mesmo e não pela vontade dos outros é ser livre. Ele diz que se a sociedade é fundada por um contrato, são os indivíduos reunidos que estabelecem leis, se “eu” participar desses acordos para que o contrato se desenvolva, então há liberdade porque estarei obedecendo algo que nós mesmos estabelecemos. O homem só é livre se participar de uma liberdade civil com o sufrágio universal, e a vontade do povo é soberana, pois a vontade geral deve prevalecer.

A dimensão Pedagógica de Rousseau

Rousseau escreveu O Emílio que é uma obra fundamental para entendermos seu pensamento pedagógico, nesse romance ele apresenta suas ideias sobre o personagem Emílio que é uma criança que ele educa. Ele está na verdade fazendo um “acerto de contas” com a sua consciência pois ele havia abandonado seus 5 filhos e se coloca na obra como o preceptor ideal para educar essa criança.
A criança é educada no campo para preservar a bondade natural que havia nela, pois na cidade grande a criança se corrompe, próximo da natureza a criança encontraria a sua própria natureza. Ele defende a ideia de que a educação de Emílio seja feita por etapas a primeira é a sensitiva (dos 0-13 anos), a criança não é adulto, pois no século XVIII não havia o conceito de criança elas eram tratadas como adultos em potencial, eram espécies de adultos em miniatura, e Rousseau entende que as crianças não são adultos, é o primeiro pensador da modernidade a refletir sobre o conceito de criança, o que não era de conhecimento na época.
Dos 13 aos 15 anos começa a chamada educação racional, nesse momento o preceptor começa a estimular o raciocínio lógico da criança, com problemas do cotidiano, criando condições, ambientes propícios para o desenvolvimento da razão, essa é a segunda fase da educação.
Na terceira etapa existe o período intermediário (dos 15 aos 17 anos) esse jovem é inserido gradualmente na sociedade para ir se adaptando. Dessa forma Emílio poderia viver em sociedade sem se corromper, pois a personalidade, que é uma construção que leva um tempo já estaria formada e dificilmente mudaria porque já estaria cristalizada.
Rousseau defende a democracia, o sufrágio (voto) exterioriza a vontade geral do povo, para ele para se ter uma sociedade democrática, é preciso ter bons cidadãos, o papel da educação para ele é resguardar a bondade do homem para que ele se torne um bom cidadão podendo ter uma sociedade democrática.
Existe uma relação entre a dimensão pedagógica e politica de sua obra, a liberdade civil representa os conceitos de democracia, pois quando indivíduo age conforme o seu desejo ele é livre, ele propõe uma sociedade, justa e democrática onde o povo pode exercer a sua liberdade civil, que está pautada nas leis e direitos da sociedade, cabe ao governante concretizar a vontade do povo, a cidadania é o fator que aproxima as pessoas, tornando a sociedade igualitária.


Sinopse: Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Joseph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se junta ao monastério, mas logo fica atormentado com as práticas adotadas pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma igreja suas 95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que se redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas teses e desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas e contradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e inicia sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.

Dowload do filme "Lutero" clique aqui

Filosofia da Educação - 2° Bimestre - 1° Semestre