sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Relatório de Filme - Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial


Título: Taare Zameen Par - Every Child is Special (Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial)
Local: Índia / Ano: 2007
Sinopse: Ishaan é um garoto de oito anos que não possui muitos amigos. Vive com sua família em um conjunto na Índia. Ishaan apresenta muitas dificuldades na escola, tendo sido reprovado no ano anterior. Já seu irmão é o melhor da classe,tendo sucesso nos esportes também. Após uma reunião com os professores de Ishaan, que informam aos pais que o menino não apresenta avanços na escola, eles decidem enviar o garoto a um colégio interno para que seja disciplinado e consiga êxito nos estudos. Após um período em que se torna cada vez mais triste e solitário, sofrendo severas punições dos professores, Ishaan conhece o professor Nikumbh, que além do trabalho no colégio, leciona também em um colégio para crianças com necessidades educacionais especiais. É com o trabalho realizado pelo professor Nikumbh com os outros professores e com a família de Ishaan que o garoto começa a compreender o mundo da leitura e da escrita e vê sua infância tomar um rumo diferente.

Crianças são como pequenas estrelas na terra

O filme retrata as dificuldades enfrentadas por uma pessoa com um distúrbio de aprendizagem, a dislexia.
Ishaan está pela segunda vez no 3º ano do Ensino Fundamental, não faz as lições e por isso está sempre encrencado.
Quando sua mãe Maya, tenta lhe ensinar as lições, percebe que ao invés de escrever a palavra mesa; o garoto escreve “mes” ou “meas” e troca “te” por “de”. Os pais de Ishaan pensam que ele faz de propósito, que não é interessado pelos estudos e na escola os professores pensam da mesma forma.
Depois que o menino faz algumas travessuras, seu pai decide colocá-lo em um colégio interno, pois as professoras dizem que ele precisa de educação especial, que Ishaan não é normal.
No colégio interno os professores são tradicionalistas e as dificuldades de Ishaan aumentam, pois todos o chamam de burro e desinteressado. Assim o menino vai perdendo a alegria de viver e deixa de fazer suas pinturas que tanto gostava, se sente abandonado por sua família.
Tudo muda quando um professor eventual de artes é contratado. O professor Nikumbh tem uma postura construtivista e ao longo de suas aulas percebe que Ishaan está muito deprimido, descobre que o menino é estigmatizado por todos e percebe que ele apresenta várias características da dislexia.
Nikumbh procura os pais de Ishaan para explicar que o menino confunde letras similares, grafias parecidas, reflete as letras e não relaciona o som com os símbolos; mas o pai do menino não compreende e continua chamando o filho de burro e preguiçoso.
O professor Nikumbh conversa com o diretor da escola sobre a dificuldade de Ishaan, pede que ele seja avaliado oralmente e se propõe a ajudar o menino a compreender o funcionamento da escrita. Para ensinar Ishaan o professor usa diversos meios: escreve na areia e pede que o menino repita e pronuncie a letra, escreve com o dedo no braço do menino para que ele diga a letra, pede que ele pinte letras similares como “p”, “b”, “d” e “q”, numa escada ensina subtração e adição subindo e descendo degraus e treina a coordenação motora em folhas quadriculadas.Ishaan começa a recuperar sua auto-estima quando o professor fala sobre diversas personalidades famosas que tinham dislexia e impressionaram o mundo como, por exemplo, Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Thomas Alva Edison e demonstrou como é a escrita da pessoa com dislexia. O menino se reconhece nas palavras de Nikumbh e a partir daí estabelece uma relação de confiança com ele.
O professor propõe uma competição de pintura entre toda comunidade escolar, Ishaan vence com o retrato de uma paisagem. Todos passam a respeitá-lo e valorizar o seu talento, deixando seus pais orgulhosos.
No filme podemos perceber que o papel do professor é fundamental na formação do autoconceito positivo de seus alunos porque se o professor rotular a criança, isso influencia em sua motivação. Essa criança vai acabar perdendo a vontade de aprender por medo ou por se sentir inferior as outras crianças. Por isso o professor tem o dever de estimular o crescimento emocional de seus alunos todos os dias, mostrar para eles que são inteligentes e capazes, dar às crianças a motivação de que necessitam para se sentirem seres humanos competentes e bem sucedidos.
Além disso, vemos que cada criança tem capacidades e habilidades únicas e que cada indivíduo aprende de forma diferente. Cabe a nós procurar diferentes formas de propiciar uma aprendizagem significativa para o aluno.

Para baixar o filme Click Aqui

Resumo do Livro Ética e Competência - Prática de Ensino e o Contexto Escolar

ÉTICA, COMPETÊNCIA E O CONTEXTO ESCOLAR

Ética é a reflexão crítica sobre valores na ação humana. Os conceitos de ética e de moral se confundem ou se identificam porque ambos significam costume, jeito de ser.
A moral é o conjunto de normas e regras que regulam as relações dos indivíduos numa comunidade. As regras e normas se sustentam nos valores criados pelos homens em suas próprias relações.
A moralidade nos faz pensar em como devemos agir em diversas situações para alcançar as expectativas da sociedade em que vivemos, pois existe a necessidade de agir corretamente para ser aceito.
A ética busca a raiz dos valores, diferente da moral que é um conjunto de normas e prescrições que distingue o comportamento considerado bom ou mau.
Os valores não são estáticos, estão sempre mudando conforme o tempo passa e difere de uma cultura para outra.
O que somos está sempre ligado ao que devemos ser, os seres sociais impõe uns aos outros um comportamento que seria o “desejável”.
O contexto social caracteriza a educação por isso deve-se estabelecer relações entre educação, cultura e sociedade. A educação é transmissão de cultura (mundo transformado pelos homens).
“O mundo existe para o homem na medida do conhecimento que o homem tem dele e da ação que exerce sobre ele” (RIOS, 1997, p. 31), o mundo está dentro do homem e dele resulta.
O homem faz parte em seus aspectos biológicos e fisiológicos do mundo natural, mas também existe o mundo cultural transformado pelos homens. A necessidade, a garantia de sobrevivência é o que faz os homens produzirem cultura interferindo na natureza por meio da razão e da criatividade para satisfazer suas necessidades que são criadas ou inventadas por si mesmos.
“Todos os homens são cultos, na medida em que participam de algum modo da criação cultural, estabelecem certas normas para sua ação, partilham valores e crenças” (p. 33), não se fala em cultura sem falar em trabalho que é o que faz os homens saberem, serem, sendo até a sua própria essência.
A ideia de trabalho e sociedade não se separam porque é com os outros que o homem trabalha e cria cultura.
A cultura não está incorporada ao patrimônio, deve ser preservada e transmitida porque é o elemento que sustenta a sociedade. A escola é a instituição social cuja função específica é a transmissão de cultura com o objetivo de formar os indivíduos para participar da construção da sociedade.
A escola é transmissora do saber sistematizado acumulado historicamente, mas grande parte da população está excluída do processo educativo formal e a maioria que freqüenta a escola não tem recebido condições para apropriar-se.
Devemos analisar criticamente a relação escola-sociedade para expor os mecanismos da prática educativa, acredita-se que tendo uma boa escola se terá a sociedade desejada expressando uma visão otimista e ingênua da escola. A instituição escolar é vista como impulsionadora da sociedade por ser transmissora de cultura. Uma concepção pessimista chama a atenção para reprodução dos valores no âmbito escolar, mostrando que a escola não se encontra fora da sociedade.
Essas duas concepções são ingênuas por verem apenas uma das funções desempenhadas pela escola. A escola não tem autonomia absoluta diante das mudanças sociais e nem é subordinada reprodutora do que ocorre na sociedade. Ela faz parte da sociedade, ao mesmo tempo em que faz a manutenção transforma a cultura.
“O que significa ser educador na sociedade brasileira de hoje? O que é necessário para desempenhar o papel de educador? O que, em última instância, compete ao educador na construção da sociedade?” (p. 45)
É tarefa da escola a transmissão/ criação sistematizada da cultura, no interior da escola o educador exerce sua profissão e tem suas “obrigações“, mas o que compete ao educador? Competência é o saber fazer bem.
O professor deve ter o domínio do saber escolar a ser transmitido, habilidade de organizar e transmitir saberes para que o aluno interiorize o aprendizado, entender as múltiplas relações entre os vários aspectos da escola e as relações entre a escola e a sociedade.
Não devemos confundir o “saber bem” ou “fazer bem“ com conhecer o bem, “fazer o bem“ porque o bem, o certo ou errado são valores criados socialmente que podem ser discutidos pela sociedade.
“A qualidade da educação tem sido prejudicada por educadores preocupados em “fazer o bem” sem questionar criticamente sua ação”. (p.49)
O que o educador decide fazer com o saber é extremamente relevante para que sua ação seja qualificada de competente. A tarefa do professor não é apenas ensinar o ABC, mas perceber a pessoa de seus alunos e a condição em que vivem, tornando-se um agente de mudança, contribuindo através de um ensinamento comprometido para as transformações necessárias na sociedade. Deve ver a dimensão individual de sua ação para não atribuir ao “sistema”, aos “outros” as razões de seu insucesso buscando superá-lo.
“O educador competente terá de ser exigente” (p. 69) devendo assumir determinadas posturas em certas circunstâncias que serão necessárias. O educador exigente não procurará o fácil mesmo com as dificuldades que se apresentarão, não ficará imobilizado, mas irá pensar no que será possível no espaço da escola para superar os problemas.
Para quê? Para quem? E por que ensinar? São questões que devem estar presentes no dia-a-dia de professores e alunos porque ambos são sujeitos conhecedores, o professor é o mediador do conhecimento sistematizado da cultura e da realidade.
A escola é um ambiente complexo, onde indivíduos com diferentes modos de pensar, agir e se desenvolver convivem. O professor deve perceber as dificuldades de cada aluno mantendo uma ação coletiva, mas uma visão individual para estimulá-los e motivá-los a fazer novas descobertas tornando cada aula uma novidade.
O educador deve ser um CHA (Conhecimento, Habilidade e Atitude) deter o conhecimento (o saber) sempre buscando novas oportunidades e formas de aprender e ensinar porque a educação não é estática, desenvolver habilidades (o saber fazer) e ter atitude (o querer fazer).
Criar relações mais próximas com os alunos para saber quais são as suas necessidades e desejos para que se possa formar cidadãos conscientes e atuantes, construindo pontes para o aprendizado mútuo.
Podemos compreender através da leitura do texto o papel do professor como formador de opinião e mediador de conhecimento. Desse modo o educador que reflete sobre sua ação pedagógica de maneira ética deve saber analisar o contexto escolar em que está inserido e proporcionar melhores métodos de aplicar os conteúdos discutidos nas aulas, estabelecendo uma melhor aprendizagem nesse processo, não esquecendo que o aluno também possui conhecimentos e leitura de mundo facilitando sua própria aprendizagem. O professor que detém o conhecimento, possui habilidades para praticar sua profissão, e tem atitudes que ajudam a desenvolver o processo de ensino e aprendizagem pode ser considerado um professor competente para educar para cidadania.

Referências 
RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e Competência. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.


Apostila de Prática de Ensino e o Contexto Escolar - Click nos Links
LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
O Papel do Professor - Relação Professor/Aluno - Portfólio
Lei de Diretrizes e Bases da Educação
O Educador Frente a Situações de Conflito
PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais
Planejamento de Aulas
Projeto Político Pedagógico
Gestão Escolar e Prática Pedagógica
Dia Internacional da Mulher
Normas da ABNT

Aulas de Ética
Ética na Gestão de Pessoas
Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente

Trabalho de Psicologia - Distúrbios de Aprendizagem


O que é Distúrbio de Aprendizagem?

Designam-se crianças que apresentam dificuldades de aquisição de matéria teórica, embora apresentem inteligência normal, e não demonstrem desfavorecimento físico.
Segundo essa definição, as crianças portadoras de distúrbio de aprendizagem não são incapazes de aprender, pois o distúrbio não é uma deficiência irreversível, mas uma forma de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados. Os distúrbios de aprendizagem não devem ser confundidos com deficiência mental.
Considera-se que uma criança tenha distúrbio de aprendizagem quando:
a) Não apresenta um desempenho compatível com sua idade quando lhe são fornecidas experiências de aprendizagem apropriadas.
b) Apresenta discrepância entre seu desempenho e sua habilidade intelectual em uma ou mais das seguintes áreas; expressão oral e escrita, compreensão de ordens orais, habilidades de leitura e compreensão e cálculo e raciocínio matemático.
Além disso, costuma-se considerar quatro criterios adicionais no diagnostico de distúrbios de aprendizagem. Para que a criança possa ser incluida neste grupo, ela deverá:
a) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais areas;
b) Apresentar uma discrepancia significativa entre seu potencial e seu desempenho real;
c) Apresentar urn desempenho irregular, isto e, a criança tem desempenho satisfatório e insatisfatório alternadamente, no mesmo tipo de tarefa;
d) O problema de aprendizagem não é devido a deficiências visuais, auditivas, nem a carências ambientais ou culturais, nem problemas emocionais.
Principais Distúrbios de Aprendizagem

1. Dislexia
2. Disgrafia
3. Discalculia

Dificuldades de Aprendizagem

As dificuldades de aprendizagem são decorrentes de aspectos naturais ou secundários são passíveis de mudanças através de recursos de adequação ambiental. As dificuldades de aprendizagem decorrentes de aspectos secundários são decorrentes de alterações estruturais, mentais, emocionais ou neurológicas, que repercutem nos processos de aquisição, construção e desenvolvimento das funções cognitivas.

Diagnósticos de Distúrbios de Aprendizagem
O processo de diagnosticar é como levantar hipóteses. Uma boa hipótese ou teoria explica uma grande quantidade de dados observáveis que são originados de diferentes níveis de análise.
O diagnosticador apresenta vantagens importantes que compensam. Uma delas é que ele possui muito mais dados sobre um sujeito do que geralmente um pesquisador tem sobre todo o grupo de sujeitos.
Para diagnosticar deve haver:
- Sintomas apresentados;
- O histórico inicial do desenvolvimento;
- Histórico escolar;
- O comportamento durante os testes;
- Os resultados dos testes.

Aspectos Psicopedagógicos

As causas mais freqüentes para as dificuldades de aprendizagem:
1- Escola
Além da instituição escola, estão incluídos nestes item os fatores intra-escolares como inadequação de currículos, de programas, de sistemas de avaliação, de métodos de ensino, e relacionamento professor - aluno. Vale salientar a necessidade de diferenciar com uma especial atenção, as crianças com dificuldades de aprendizagem das crianças com dificuldades escolares. Para elas essas últimas revelam a incompetência da instituição educacional no desempenho de seu papel social e não podem ser consideradas como problemas dos alunos.
É comum vermos professores usando material de ensino desestimulante, desatualizado, totalmente desprovido de significado para muitas crianças, sem levar em consideração suas diferenças individuais. O aluno não se envolve no processo de ensino-aprendizagem e fica mais difícil a assimilação de conhecimentos.
2- Fatores intelectuais ou cognitivos.
3- Déficits físicos e ou sensoriais.
4- Desenvolvimento da linguagem.
5- Fatores afetivos-emocionais.
6- Fatores ambientais (nutrição e saúde).
7- Diferenças culturais e ou sociais.
8- Dislexia.
9- Deficiência não verbais.

Características Gerais

A expressão dificuldade de aprendizagem é usada para referir condições sócio-biológicas que afetam as capacidades de aprendizado de indivíduos, em termos de aquisição, construção e desenvolvimento das funções cognitivas, e abrange transtornos tao diferentes como incapacidade de percepção, dano cerebral, disfunção cerebral minima, autismo, dislexia e afasia desenvolvimental. No campo da Educação, as mais comuns são a Dislexia, a Disortografia e a Discalculia.
Um individuo com dificuldades de aprendizagem não apresenta necessariamente baixo ou alto QI: significa apenas que ele esta trabalhando abaixo da sua capacidade devido a um fator com dificuldade, em áreas como por exemplo o processamento visual ou auditivo. As dificuldades de aprendizagem normalmente são identificadas na fase de escolarização, por profissionais como psicológos, através de avaliações especificas de inteligência, conteúdos e processos de aprendizagem.
Embora a dificuldade de aprendizagem não seja indicativa do nível de inteligência, os seus portadores tem dificuldades em desempenhar funções ou habilidades especificas, ou em completar tarefas, caso entregues a si próprios ou se encarados de forma convencional. Estes indivíduos não podem ser curados ou melhorados, uma vez que o problema e crônico, ou seja, para toda a vida.
Entretanto com o apoio e intervenções adequados esses mesmos indivíduos podem ter sucesso escolar e continuar a progredir em carreiras bem sucedidas e mesmo de destaque, ao longo de suas vidas. A literatura sobre as dificuldades de aprendizagem se caracteriza por um conjunto desestruturado de argumentos contraditórios. Apesar de conceito de dificuldades de aprendizagem apresentar diversas definições e ainda ser um pouco ambiguo, é necessário que tentemos determinar a que fazemos referência com tal expressão ou etiqueta diagnóstica, de modo que se possa reduzir a confusão com outros termostais como "necessidades educativas especiais", "inadaptações por défict socioambiental", etc...

Tratamento

Dificuldades de aprendizagem podem ser tratadas com:
• Ajustes na Sala de Aula:
- atribuições de lugares especiais
- tarefas escolares altemativas ou modificadas
- procedimentos de avaliação/testes modificados
• Equipamento Especial:
- fonadores eletrônicos e dicionários
- processadores de texto .
- calculadoras falantes
- livros em fita
• Assistentes de sala de aula:
- Tomadores de nota
- Leitores
• Educação Especial:
- Horários prescritos em uma classe especial
- Colocação em uma classe especial

Quais as causas ou fatores de ordem pedagógico linguística que favorecem a aparição das dislexias?

De modo geral, indicaremos as causas de ordem pedagógica, a começar por:
Atuação de docente não qualificado para o ensino da língua materna (por exemplo, um professor ou professora sem formação superior na área de magistério escolar ou sem formação pedagógica, em nível médio, que desconheça a fonologia aplicada a alfabetização ou conhecimentos linguisticos e metalinguisticos aplicados aos processos de leitura e escrita).
• Crianças com tendência a inversão
• Crianças com deficiência de memória de curto prazo
• Crianças com dificuldades na discriminação de fonemas (vogais e consoantes)
• Vocabulário pobre
• Alterações na relação figura-fundo
• Conflitos emocionais
• O meio social
• As crianças com dislalia
• Crianças com lesão cerebral
No caso da criança em idade escolar, a Psicolinguística define a dislexia como um fracasso inesperado na aprendizagem da leitura (dislexia), da escrita (disgrafia) e da ortografia (disortografia) na idade prevista em que essas habilidades ja devem ser automatizadas. E o que se denomina de dislexia de desenvolvimento. No caso de adulto, tais dificuldades quando ocorrem depois de um acidente vascular cerebral (AVC) ou traumatismo cerebral, dizemos que se trata de dislexia adquirida.

As Escolas e a Má Formação de Professores

A maioria das escolas do Brasil não dá suporte a crianças e adolescentes com dislexia, algumas nem ao menos tem conhecimento do problema. Tais alunos são tratados como os normais, e o possível baixo rendimento não é associado a consequência da doença. A dislexia, como dificuldade de aprendizagem, verificada na educação o escolar, é um distúrbio de leitura e de escrita que ocorre na educação infantil e no ensino fundamental. Em geral, a criança tem dificuldade em aprender a ler e escrever e, especialmente, em escrever corretamente sem erros de ortografia, mesmo tendo o quociente de Inteligência (QI) acima da média.
A má formação profissional é um fato real, constatado com uma simples visita a qualquer escola pública do país e a muitas escolas particulares também. No entanto, uma das causas responsável por cerca de 10% dos alunos que não conseguem aprender permanece desconhecida por todos os responsáveis pela educação. Pesquisas recentes revelaram que por volta de 10% da população mundial em idade escolar sofre de distúrbios de aprendizagem ocasionados por problemas neurológicos, tais como dislexia, discalculia, hiperatividade e distúrbios de atenção, que acarretam um desenvolvimento insuficiente desses alunos no rendimento escolar.
Resumidamente, um indivíduo sem rebaixamento intelectual é caracterizado como portador de:
a) Distúrbios de Atenção e Hiperatividade: quando apresenta sinais de
1) Desatenção: dificuldade de manter a atenção em tarefas ou jogos; parece não ouvir o que se fala; dificuldade em organizar tarefas ou atividades; perde coisas; distrai-se com qualquer estímulo, etc;
2) Hiperatividade: freqüentemente deixa a classe; está sempre mexendo com os colegas; fala muito; corre e sobe em arvores, móveis,... etc;
3) Impulsividade: interrompe as atividades de outros; não espera a vez; crises de agressividade; bate nos colegas; lidera insubordinações, etc.
b) Dislexia: quando começa a apresentar dificuldades para reconhecer letras ou ler e escrever, embora tenha uma inteligência não comprometida, isto é, um QI normal;
c) Discalculia: quando o indivíduo apresenta dificuldades para reconhecer quantidades ou números e/ou realizar os cálculos aritméticos.
O aluno pode apresentar os quatro tipos de distúrbios em conjunto ou qualquer combinação entre eles.
A dificuldade do aluno em se alfabetizar provoca sérios problemas e atritos com o professor e a direção da escola. A combinação desses problemas com a hiperatividade e impulsividade, por um lado, amplifica os problemas disciplinares e por outro lado gera no aluno uma aversão ao ambiente escolar. O resultado pode ser o aluno abandonar a escola, principalmente quando sua família não é bem organizada e não valoriza a educação escolar.
Numa sociedade cada vez mais tecnológica, o indivíduo analfabeto ou com deficiência em sua formação acadêmica encontra sérios problemas na obtenção de empregos que lhe garantam uma vida econômica satisfatória. O estresse causado por essa situação vai aumentar em muito da desadaptação do indivíduo que abandonou a escola pelos problemas acima expostos. Em particular, sua impulsividade diante de situações difíceis pode rapidamente exacerbar seu comportamento agressivo, resultando em atitudes anti-sociais, que no seu progredir vai resultar na marginalização do indivíduo.
Pesquisas recentes também vêm mostrando que esses problemas neurológicos podem ser de origem genética ou então causados por pequenas lesões distribuídas por várias áreas do cérebro que, só com técnicas muito recentes de ressonância magnética e mapeamento cerebral, podem ser detectadas. Tais lesões podem ser provocadas durante a gestação ou mesmo durante o período da primeira infância da criança. Fatores da gestação pertinentes à mãe e causadores desses problemas são: estresse, má alimentação, uso de drogas (inclusive álcool e cigarro), problemas de saúde como pressão alta ou baixa, deslocamento de placenta, entre outros. Fatores da primeira infância pertinentes às crianças podem incluir estresse, espancamento, certas doenças, entre outros. Quanto ao estresse precoce devido a maus tratos experimentados pela criança nos seus primeiros anos de vida e quanto ao rompimento das relações entre mãe e filho é importante ressaltar que vários pesquisadores mostram alterações cerebrais nessas crianças, que se correlacionam tanto a uma redução do desenvolvimento cognitivo quanto a distúrbios psiquiátricos.
O estresse a que fica submetida a criança durante a gravidez ou durante sua infância provoca uma série de alterações hormonais que acabam resultando em lesões orgânicas do cérebro. Dessa maneira o desajuste social se transforma em uma disfunção orgânica, que retroalimenta e amplifica esse desajuste social.
O desconhecimento das causas de hiperatividade, desatenção, impulsividade e dificuldades de aprendizagem por parte dos professores e responsáveis pelo sistema de educação pública, leva em geral a uma avaliação errônea da capacidade cognitiva e emocional do aluno, que irá adicionar mais um ingrediente para retroalimentar o seu desajuste socio-familiar, e por conseqüência amplificar sua disfunção biológica.
Torna-se, portanto, fundamental a capacitação de professores e dirigentes do ensino público sobre os temas acima abordados, para que possam melhor compreender e ajudar o aluno em suas dificuldades e desajustes, ao invés de se constituírem em mais um fator agravante desse desajuste.

A relação Professor/Aluno no processo de ensino e aprendizagem


As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.
Neste sentido, a interação estabelecida caracteriza-se pela seleção de conteúdos, organização, sistematização didática para facilitar o aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus conteúdos.
No entanto este paradigma deve ser quebrado, é preciso não limitar este estudo em relação comportamento do professor com resultados do aluno; devendo introduzir os processos construtivos como mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto.
Segundo GADOTTI (1999: 2), o educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida.
Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações no desenvolver das atividades.
O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.
De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir com intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.
O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura. ABREU & MASETTO (1990: 115), afirma que “é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade”.
Segundo FREIRE (1996: 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.
Ainda segundo o autor, “o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”.
Apesar da importância da existência de afetividade, confiança, empatia e respeito entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autônoma; por outro, SIQUEIRA (2005: 01), afirma que os educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor. Assim, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação), apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “formador de opiniões”.
Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

Conclusão

Ao nos depararmos com quadros de crianças com distúrbios de aprendizagem, nos surge a preocupação em que nós professores podemos contribuir para que esse aluno, mesmo diante de suas dificuldades possa aprender? A esse questionamento refletimos sobre o papel da escola e a inter-relação com a família.
Consideremos que o papel da escola deveria ser o de desenvolver o potencial de cada um, respeitando as características individuais do aluno e sempre procurando reforçar os pontos fracos e auxiliando na superação dos pontos fracos, evitando dessa forma que as dificuldades que as crianças possuem na sejam motivos para serem excluídas no processo de aprendizagem e muito menos possam ser rotuladas ou discriminadas.
Outro fator que muito colabora no papel da escola, é a família, pois permite a troca de experiência entre pais e professores. É muito importante que haja uma integração entre os ambientes (escola e família) para se compor o quadro de uma forma real e objetiva. Tanto os pais quanto os professores precisam entender que as dificuldades que a criança possua não é culpa de ninguém, e que se tiver um trabalho em conjunto todos serão beneficiados, principalmente a criança.
Temos que ter em mente que não há criança que não aprenda, o que ocorre é que algumas aprendem de modo mais rápido, outras não, mas sem sombras de dúvida, chega-se a conclusão que independentemente da via neurológica utilizada, o sucesso escolar de crianças com distúrbios de aprendizagem possa ser uma associação de fatores que envolvam ambiente adequado + estímulo + motivação + organismo, possibilitando que o professor na sua árdua tarefa de lidar com as mais diferentes adversidades saiba que antes de tudo, ser necessário saber avaliar, distinguir e principalmente querer mudar, respeitando cada criança em seu estado de desenvolvimento.

Referências
Martins, Vicente. A dislexia em sala de aula. In PINTO, Maria Alice Leite. (Org.). Psicopedagogia: diversas faces, múltiplos olhares. Sao Paulo: Olho d"aGUA, 2003.
http://www.enscer.com.br/material/artigos/eina/inclusao/disturbios.php
http://www.espacoacademico.com.br/052/52pc_silva.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dificuldades_de_aprendizagem
http://www.foniatria.med.br

Psicologia da Educação

MATURAÇÃO

É o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. A maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do organismo.
Por isso a aprendizagem nunca pode transcender a maturação, para que a aprendizagem se processe, é necessário que o organismo esteja suficientemente maduro para recebê-la. Toda a atividade humana depende da maturação.

APRENDIZAGEM

É o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maturo, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de uma mudança de comportamento em função da experiência.
A aprendizagem abrange os hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e a assimilação de valores culturais. A aprendizagem se refere a aspectos funcionais e resulta de toda a estimulação ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida. Logo, sofre interferências de vários fatores: intelectual, psicomotor, físico e social, mas é do fator emocional que depende grande parte da educação infantil.
Para que a aprendizagem provoque uma afetiva mudança de comportamento e amplie cada vez mais o potencial do educando, é necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida.
- cada indivíduo aprende do seu modo pessoal e único!

MOTIVAÇÃO

A aprendizagem depende basicamente da motivação. Cada indivíduo aprende de forma diferente.
Motivação é tudo aquilo que está por trás de nossos comportamentos; corresponde às razões de cada um de nossos atos.
A professora tem que propiciar uma aprendizagem significativa para o aluno.
- prestar atenção, compreender, aceitar, reter, transferir e agir são alguns dos componentes principais da aprendizagem, mas se o aluno não tem essa interação ocorre o distúrbio de aprendizagem.

O que é distúrbio de aprendizagem?

É uma dificuldade de aquisição de matéria teórica, embora apresentem inteligência normal ou acima da média e não demonstrem incapacidade ou desfavorecimento físico.
As crianças não são incapazes de aprender, pois os distúrbios não são uma deficiência irreversível, mas uma forma de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados.
- Alguns distúrbios de aprendizagem: gagueira ou tartamudez, dislalia, disartria, dislexia, disgrafia, disortografia, discalculia, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade-TDAH, transtorno de déficit de atenção com hipoatividade.
- Pode um professor influenciar na formação do autoconceito positivo de seus alunos? E como?
O papel do professor é fundamental na formação do autoconceito positivo de seus alunos porque se o professor rotular a criança, por exemplo, de “burra” ela pode acabar se vendo como uma criança “burra” e isso irá influenciar em sua motivação. Essa criança vai acabar perdendo a vontade de aprender por medo ou por se sentir inferior as outras crianças. Por isso o professor tem o dever de estimular o crescimento emocional de seus alunos todos os dias, mostrar para eles que são inteligentes e capazes, dar às crianças a motivação de que necessitam para se sentirem seres humanos competentes e bem sucedidos.

Para saber mais: JOSÉ, ELISABETE da Araújo & amp; COELHO, MARIA TERESA – Problemas de Aprendizagem: Editora Ática: São Paulo, 2008

Resumo do Livro "A Língua de Eulália"


A Língua de Eulália

Vera, Sílvia e Emília são professoras de uma escola em São Paulo e estudantes universitárias de letras, psicologia e pedagogia respectivamente. Elas foram passar as férias na cidade de Atibaia e ficaram hospedadas na casa da tia de Vera que se chama Irene que é linguista e está escrevendo um livro sobre variação linguística.
Já devidamente acomodadas, durante o almoço, as três visitantes percebem os “erros” de português de Eulália que é empregada e amiga de Irene, ao pronunciar, por exemplo, “os probrema”, “os fósfro”. A partir daí a tia de Vera começa a ensinar os fenômenos da língua e explicar a lógica de funcionamento das variedades linguisticas para combater o preconceito linguístico.
Dessa forma Irene vai explicando que não existe uma única língua, mas várias que devem ser respeitadas, pois o português não-padrão falado por Eulália tem uma lógica que pode ser explicada cientificamente e permite o entendimento de uma mensagem.
Irene esclarece através de seus quadros explicativos as diferenças do português- padrão e não-padrão, por exemplo, que o português padrão é artificial porque requer aprendizado, memorização das regras ao passo que o não-padrão é natural porque segue as tendências naturais da língua, criando regras que são automaticamente respeitadas pelo falante.
O português não-padrão diminui regras gramaticais como o plural, a concordância e a conjugação verbal, por exemplo, ao invés de marcar todas as palavras de uma frase para indicar um número de coisas maior que um acaba marcando apenas uma palavra como em “As garça dá meia volta” (pág.51). Este processo acontece na norma padrão de outras línguas como o inglês e o francês que escreve as marcas de plurais, mas não as pronuncia. Entretanto não há nada que impeça a compreensão, portanto se torna eficaz.
No desenvolver dessa novela sociolingüística vamos conhecendo vários fenômenos lingüísticos, por exemplo, o rotacismo que é a troca de L por R que pode ser explicado através da origem das palavras no latim; o yeísmo que é a troca de LH por i devido à comodidade maior de pronunciar o i; a assimilação de ND em N e de MB em M com em falando que passou a falanno e depois falano, pois o som dessas consoantes é próximo; a redução que ocorre quando as vogais E e O são pronunciadas como i e U; contração das proparoxítonas em paroxítonas que ocorre também na norma padrão, visto que as palavras proparoxítonas em latim passaram a ser paroxítonas no português padrão; o arcaísmo que ainda permanece em regiões afastadas das metrópoles brasileiras; a analogia que causa a mudança de classe gramatical de algumas palavras por causa do som de uma vogal e o caso do pronome oblíquo mim que vem sendo um “erro” cometido desde 1872 como ficou registrado no romance Inocência, escrito pelo Visconde de Taunay, sendo muitas vezes usado pelos falantes da norma culta, pode ser explicado, dentre outras maneiras, pelo fato do pronome mim ser tônico e procurar enfatizar a oração como em “João trouxe um monte de livros para mim escolher” (pág. 182).
Com todos esses fenômenos a língua torna-se mais complexa e novas regras vão sendo criadas pelo inovador português não-padrão.
Após o livro abordar e explicar através de exemplos todos esses fenômenos podemos perceber que do ponto de vista lingüístico não existe erro, mas sim o adequado e o inadequado, assim é necessário que o ensino do português-padrão seja voltado para linguistica para que o cidadão perceba a importância de adequar a sua forma de comunicação em diferentes contextos, permitindo-lhe o acesso as práticas sociais de leitura e escrita e que se faz necessário desvelar o mito da língua única, mencionando o seu valor social e abordando temas como variantes lingüísticas e fenômenos da língua para evitar o denominado preconceito linguístico.

Análise do processo de alfabetização de Eulália

A Eulália foi alfabetizada no português-padrão quando tinha mais de quarenta anos, sabe ler e escrever, mas continua empregando no dia-a-dia a variedade não-padrão que é a língua materna dela. Usada pelas pessoas de sua família e de sua classe social. Irene dava aulas durante a noite para Eulália que foi trazendo algumas conhecidas que trabalhavam nas casas do bairro onde ela mora.
A professora valoriza a língua materna, faz reflexões sobre a variedade lingüística falada pelas classes sociais menos favorecidas e estuda o assunto a fim de obter uma lógica de funcionamento. Irene demonstra empatia, sensibilidade e solidariedade buscando perceber as dificuldades do aluno.
As primeiras aulas que ela dá as suas visitantes, acontecem em um ambiente não formal diante de uma lareira com todas sentadas num tapete com várias almofadas propiciando uma certa cumplicidade e interação. Depois as aulas são desenvolvidas em um cômodo, a “escolinha” onde existe uma grande lousa, as paredes são verdes e tem uma estante com livros, cadernos, canetas e caixas de giz, e meia dúzia de mesinhas de madeira com as respectivas cadeiras, dispostas em semicírculo facilitando o trabalho coletivo diante do quadro-negro e criando um ambiente aconchegante onde os alunos podem falar olhando uns para os outros.
Irene demonstra humildade deixando claro que não é a única capaz de ensinar alguma coisa, pois toda pessoa sempre tem algo de interessante, de importante para transmitir aos outros. Uns tem conhecimentos acadêmicos, livrescos e outros experiências de vida, valoriza os conhecimentos prévios do aluno e verbaliza que aprendemos todos os dias uns com outros mesmo em situações informais “a Eulália é um poço sem fundo de conhecimento e sabedoria. Todo dia aprendo uma coisa nova com ela” (pág. 12). Instiga a curiosidade e faz as alunas pensarem sobre perguntas que deixa para próxima aula, como um capítulo que se acaba antes do beijo entre os protagonistas tão esperado pelos telespectadores.
A linguista utiliza desenhos para explicar a distância entre as normas mais culta e menos culta do idealizado português-padrão, cita exemplos, faz comparações por meio de diversos quadros que permitem a análise das modificações que a língua passou do latim para o português-padrão e entre outras línguas como o inglês, francês e o espanhol. Ela explica a importância de chamar a “atenção dos alunos para complexidade dos fenômenos da língua, em vez de ter um ataque sempre que algum deles diz algo errado, segundo a norma culta” (pág.187), ou seja, incluir na sua prática de ensino atualidades não se restringir a repetição de métodos para o ensino da língua.
Entende- se que Irene utilizou esses métodos para alfabetizar a Eulália durante o dia-a-dia, elas foram compartilhando o conhecimento que possuem. Eulália socializou o seu conhecimento de mundo, os cuidados que se deve ter com as plantas, fórmulas caseiras de remédios à base de plantas medicinais, histórias tradicionais, contos populares, cantigas folclóricas e etc., e Irene ensinou de maneira crítica a língua portuguesa para Eulália, ou seja, ela explicou a variedade lingüística padrão e o seu valor social, por isso a Eulália continua a usar sua variedade na esfera do seu lar, com sua família e amigos sabendo que se deve adequar a fala ao ambiente em que estamos e que existe apenas uma forma de escrever que é o português-padrão.

Bibliografia
BAGNO, Marcos. A Língua de Eulália: novela sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2008.

Análise do Livro "O Planeta Eu" - Saúde e Educação


1ª etapa – Ler os PCN’s de orientação sexual itens:
- Sexualidade na infância e adolescência;
- Orientação sexual na escola;
- Postura do educador e
- Relação escola e família
Responder a questão:

1. O livro “O Planeta Eu” abrange a proposta dos itens citados?

Sim, o livro trata da sexualidade com naturalidade, transmitindo informações corretas do ponto de vista científico, esclarecendo aos questionamentos feitos pelos personagens Bianca e Tomás sem transmitir valores e crenças.
Discute os diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes existentes na sociedade para que a criança tenha a possibilidade de formar opinião a respeito do assunto e saiba que a exploração e conhecimento do seu próprio corpo são necessários para o desenvolvimento saudável. Além disso, explica como se prevenir contra as DSTs, gravidez indesejada e abuso sexual.

2ª etapa – Ler o PCN:
- Objetivos gerais de orientação sexual para o Ensino Fundamental
Responder:

2. O livro atinge os objetivos do PCN? Dê exemplos.

O livro atinge os objetivos do PCN por que aborda de forma simples e objetiva o respeito à diversidade de valores, crenças e comportamentos existentes e relativos à sexualidade garantindo a dignidade do ser humano. No livro, Tomás e Bianca aprendem sobre o assunto através do diálogo com os pais e com a vizinha Clarice que está grávida, através de pesquisas e dicas da prima Nina. Eles aprenderam a respeitar as diferentes opções sexuais, conhecer seu próprio corpo, respeitar as diferenças físicas e psicológicas.
Conversando com os pais entenderam que “muitas crianças sentem vontade de fazer perguntas sobre o próprio corpo e sobre sexo. E que, por falta de costume, vergonha ou medo das respostas, acabam não abrindo a boca. Que bobagem! Perguntar é sempre bom, quando a gente pergunta para alguém em quem confia. E saber, é melhor ainda.” (p. 16). Eles conseguem conhecer seu corpo, valorizar e cuidar de sua saúde como condição necessária para usufruir de prazer sexual, compreendendo a busca do prazer como uma dimensão saudável da sexualidade humana, através das dúvidas respondidas por seus pais.
Tomás e Bianca entenderam que “homossexual é o nome dado para o homem ou a mulher que tem atração sexual por pessoa do seu próprio sexo. Ser homossexual não é uma anormalidade. É uma preferência que deve ser respeitada. Gracinhas, nomes grosseiros, preconceitos referentes ao fato demonstram profunda ignorância.” (p. 59) isso mostra que eles desenvolveram consciência crítica e conseguem tomar decisões responsáveis a respeito da sexualidade além de se tornarem capazes de reconhecer como determinações culturais as características socialmente atribuídas ao masculino e feminino, posicionando-se contra discriminações “O jeito de se vestir e de enfeitar o próprio corpo foi surgindo com os costumes que vêm através dos tempos. Isso não são diferenças sexuais, são as aparências do homem e da mulher em cada época. Você sabia que em certos países também os homens usam saias?” (p. 7)
As crianças aprenderam que “qualquer situação em que uma pessoa se sentir obrigada a acariciar, abraçar, beijar, ter relação sexual com outra pessoa que ela não queira é chamada de abuso sexual. Nada que se relaciona ao sexo pode ser forçado.” (p. 8) assim elas podem se proteger de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores. Ao ler uma revista Bianca e Tomás “tiraram uma reportagem que falava sobre os métodos anticoncepcionais” (p. 54) conhecendo esses métodos eles poderão adotar práticas de sexo protegido ao iniciar atividade sexual.

3ª etapa – Ler os blocos de conteúdos:
- O corpo matriz da sexualidade;
- Relações de gênero e
- Prevenção às doenças sexualmente transmissíveis/ AIDS

Analisar se os blocos são contemplados no livro, exemplificar.

O livro contempla o item “O corpo matriz da sexualidade” quando Tomás e Bianca vão à biblioteca e acham um livro chamado “Mudanças por dentro, mudanças por fora”, pois esse livro que os personagens lêem aborda as mudanças que ocorrem na fase da adolescência, mudanças que acontecem no corpo e no organismo dos seres humanos, tratando assim dos conceitos de organismo (por dentro) e de corpo (por fora) sem deixar de ressaltar que essas mudanças acontecem de maneiras diferentes no corpo do homem e da mulher variando de uma pessoa para outra “Quando os meninos e as meninas têm entre 12 e13 anos, pode ser um pouco antes ou um pouco depois, as glândulas endócrinas trabalham e provocam transformações no corpo.” (p.22)
O item “relações de gênero” aborda as diferenças existentes entre homens e mulheres na sociedade, atribuindo o conceito de feminino e masculino, o livro trata desse assunto quando Tomás pergunta aos pais sobre o jeito de homens e mulheres se vestir, de acordo com a resposta dada ao personagem a dúvida é esclarecida e o conceito é trabalhado de forma clara e objetiva “O jeito de se vestir e de enfeitar o próprio corpo foi surgindo com os costumes que vêm através dos tempos. Isso não são diferenças sexuais, são as aparências do homem e da mulher em cada época. Você sabia que em certos países também os homens usam saias?” (p. 7)
E o bloco “Prevenção às doenças sexualmente transmissíveis/ AIDS” é abordado quando as crianças começam a fazer pesquisas e descobrem vários fatos relacionados ao assunto, dessa forma eles têm acesso às informações necessárias para se prevenir. “Tomás ficou surpreso. Não havia quem não falasse na tal camisinha.” (p. 53). “Só tomar injeções com seringas e agulhas descartáveis” (p. 53), “que vírus é um agente (micróbio) que causa infecção, responsável por muitas doenças nos seres vivos. É extremamente pequeno, só pode ser visto ao microscópio eletrônico, e só pode sobreviver e se multiplicar parasitando uma célula viva.” (p. 59).

4ª etapa – Concluir se adotariam o livro ou não e justificar sua escolha.

Nós iríamos adotar o livro porque é um livro pequeno, colorido, ilustrado e com uma linguagem apropriada para a idade facilitando e incentivando a leitura.
Os alunos poderiam se identificar com os personagens, principalmente pela curiosidade e dúvidas que são expostas. Além disso, o livro alcança os objetivos propostos dos PCN’s.

Bibliografia
O planeta eu – conversando sobre sexo. IACOCCA, Liliana; IACOCCA, Michele. Editora Ática.

Trabalho - Plano de Aula

Estágio: Objetivo Simbólico

Idade: 2 a 4 anos

Objetivo

Desenvolver a percepção dos números de 0 á 10;
Coordenar ações como: pronunciar, sequenciar e contar;
Perceber e reconhecer os números.

Conteúdo:

Apresentar os números de 0 á 10 por meio de atividades.

Metodologia:

Mostrar os números no quadro, e ler junto com eles.

Procedimentais:

Mostrar cartões com os numerais de 0 á 10 para as crianças.
Mostrar os lápis que eles usam nas atividades de desenho e contar com eles a quantidade de 10 lápis.
Brincar de amarelinha, ensinando que existe uma sequencia para se pular, o que ajudará também a desenvolver a coordenação motora.

Avaliação:

Será avaliada através da amarelinha se a criança já consegue entender que existe uma sequencia entre os números, se ela já os reconhece, e se ela consegue contá-los.
Para isso será observado como ela joga o objeto (pedra), se está na sequencia certa ou não.


Plano de Aula - Saúde e Educação

Público: Crianças de seis anos de idade

Tema: O uso excessivo dos recursos Naturais - Água

Objetivo

- Incorporar hábitos que minimizem o desperdício da água.

Conteúdos

Conceituais

- Conceito de Recurso Natural
- Conceito de Desperdício
- A Necessidade de Mudança de Hábitos

Procedimentais

- Observar desenhos e figuras
- Assistir ao vídeo “Economizar Água” da Turma da Mônica
- Reconhecer a importância da economia de água.

Atitudinais

- O uso consciente da água no dia - a - dia da criança;.
- Respeito ao próximo;
- Trabalhar em equipe

Desenvolvimento 

1ª Etapa: Fazer roda de conversa partindo de alguns questionamentos: Quem aqui costuma cantar no chuveiro? E quantas músicas mais ou menos vocês costumam cantar? Quem sabe escovar os dentes? Pode nos mostrar como você escova o dente? Alguém sabe dizer por que a água é um recurso natural?
2ª Etapa: Mostrar cartaz com figura que mostra o ciclo da água, para explicar porque a água é um recurso natural e que se não a usarmos adequadamente ela pode acabar.
3ª Etapa: Passar o vídeo “Economizar Água” da Turma da Mônica, após o vídeo questionar: vocês conseguiram perceber outras formas de desperdício de água? Após discutir sobre o assunto apresentar o Jogo.
4ª Etapa: Será apresentado um jogo de trilha sobre o desperdício de água, é um jogo com dado no qual os alunos tem como objetivo chegar ao ponto de “chegada”, mas para isso eles precisam percorrer todas as “casas” e para passarem adiante eles precisam saber como economizar água, esse jogo será em grupos assim todos participarão, pois brincando eles poderão expor o que foi aprendido durante a aula.
5ª Etapa: Aplicar a atividade de avaliação que consiste em entregar uma folha com quadrinhos para cada aluno, nesses quadrinhos haverá pessoas desperdiçando e economizando água, o aluno terá a tarefa de marcar (com X) os quadros onde existe desperdício de água.

Avaliação

- A avaliação será feita mediante ao resultado da atividade de quadrinhos em que será considerado se a criança atendeu aos objetivos propostos na aula. 

Material Necessário

- Televisão;
- Aparelho de DVD;
- Vídeo “economizar água” da Turma da Mônica;
- Folhas com desenhos e cartazes;
- Jogo da Mônica (ampliado);
- Pia de Brinquedo.

Para Baixar o vídeo Click Aqui

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Trabalho "Os Pilares de Vigotsky"

Introdução

Vigostsky viveu na Rússia pós-Revolução, buscava uma ”Nova Psicologia”, uma ligação entre a produção científica e o regime social, ou seja, uma síntese entre psicologia como ciência natural e psicologia como ciência mental.
Numa mesma perspectiva o homem enquanto corpo e mente; ser biológico e ser social, membro da espécie humana e participante de um processo histórico.
Vigotsky explícita nessa “Nova Psicologia” os pilares básicos de seu pensamento que são o suporte biológico, as relações sociais e a mediação simbólica que serão devidamente analisados e relacionados com outros autores ao longo desse trabalho.

Falando do Suporte Biológico

De acordo com Vygotsky o homem possui suporte biológico, que serve inclusive para indicar características especificas da espécie humana. Entretanto existem aspectos físicos e biológicos que podem ser variáveis, ou seja, algumas de nossas estruturas biológicas se modificam de acordo com o processo social e cultural da humanidade.
Há milhares de anos atrás, por exemplo, o homem andava como os outros animais e, conforme ele foi se modificando, influenciado pela natureza e pelo meio social, a sua postura para caminhar foi sendo alterada, até chegarmos ao ponto em que nos encontramos hoje.
No livro “O Planeta Eu”, das autoras Liliana Iacocca e Michele Iacocca, podemos perceber essas mudanças físicas e biológicas, confirmando a teoria de Vygotsky. Para ele as mudanças do corpo do ser humano também não são causadas apenas pelo cérebro, mas por todas as mudanças do meio social em que o sujeito está inserido.
Neste mesmo livro as autoras mencionam as diferenças nas transformações ocorridas no corpo durante a adolescência mostram a importância de conversar sobre esses assuntos e das diferenças culturais em relação a algumas questões erroniamente ligadas à sexualidade.
Tomás, um dos personagens do livro, pergunta ao pai porque as mulheres usam saia e os homens não. A resposta do pai é muito importante, pois ele diz que:
“O jeito de se vestir e de enfeitar o próprio corpo foi surgindo com os costumes que vêm através dos tempos. Isso não são diferenças sexuais, são aparências do homem e da mulher em cada época. Você sabia que em certos países também os homens usam saias?” (IACOCCA, 2003, p. 7).
A partir desse trecho do livro podemos perceber que as estruturas biológicas já diferenciam o homem da mulher, pois as autoras tratam inclusive das mudanças ocorridas no corpo de cada um na adolescência. Já a fala do pai de Tómas, nos mostra que as diferenças na forma de se vestir surgiram com o tempo e se modificam de acordo com os costumes. Para Vygotsky essas diferenças biológicas já determinaram as diferenças entre homens e mulheres e as relações que são de níveis sociais e culturais, os diferentes costumes foram alterando os valores estabelecidos em determinado momento para o homem e para a mulher. Isto é o que Vygotsky chamaria de desenvolvimento sociogenético, ou seja, à influência que o individuo sofre ocasionado pela sociedade.
Percebemos assim que, tanto para as autoras do livro, quanto para Vygotsky, o cérebro não é o único fator responsável pelas diversas características da humanidade, pois as relações sociais são também responsáveis, inclusive por pequenas mudanças de aspecto biológico. A forma como o “homem” se relaciona com o meio pode também influenciar as estruturas biológicas do ser humano.

O homem e as Relações Sociais

Para Vygotsky as relações do homem com o meio são dialéticas, isso quer dizer que o homem influência a sociedade em que vive, tanto quanto a sociedade influência o homem. Desta forma ambos modificam e são modificados nessa relação.
No livro Cidadania no Brasil - O longo caminho, 2003, do autor José Murilo de Carvalho, percebemos claramente esse processo, pois, em cada movimento social a favor dos direitos pelos quais lutavam, como por exemplo, os direitos políticos, os cidadãos tinham como objetivo modificar a sociedade injustiçada naquele momento.
O autor José Murilo de Carvalho menciona no livro a historia de Antônio Conselheiro, que foi um líder carismático e messiânico, ele reuniu milhares em uma comunidade de Santos onde as práticas religiosas tradicionais seriam preservadas e onde todos poderiam viver irmanados pela fé; Antônio Conselheiro discordava da separação entre Igreja e Estado, e resolveu modificar a sociedade com a criação de “Canudos”, o governo, entretanto destruiu a comunidade a poder de canhões, em nome da República e da modernidade.
Percebemos assim, como Vigotsky que a ação do homem modifica a sociedade e a sociedade modifica o homem; o livro também mostra a sociedade interferindo na vida do homem quando em 1904 no Rio de Janeiro, quando a falta de saneamento básico estava causando doenças nos moradores dos cortiços, o governo que ao mesmo tempo estava preocupado com a urbanização da cidade, iniciou o combate a varíola, entretanto muitos estavam morrendo com o efeito da vacina, mesmo assim criou-se uma lei que tornará a vacinação obrigatória; o resultado foi instantâneo, milhares de cidadãos foram as ruas protestar contra essa obrigatoriedade.
Observamos nos parágrafos acima que a sociedade interferiu nos direitos de muitos e que alguns lutaram por esses direitos “O mundo existe para o homem na medida do conhecimento que o homem tem dele e da ação que exerce sobre ele” (RIOS, 1997, p. 31), o mundo está dentro do homem e dele resulta.

As Mudanças por Instrumentos e Sistemas Simbólicos

Para Vygotsky a transformação da natureza ficou mais fácil, a partir do momento que o homem criou as relações de trabalho como diz a teoria Marxista. Para que essas relações se estabelecessem foi necessária a criação de instrumentos de trabalho.
Os instrumentos facilitam a ação do homem sobre a natureza, o homem passou não só a dominá-la, mas também a transformá-la. Esses instrumentos são extracorpóreos, ou seja, não fazem parte do aspecto físico do homem, esses instrumentos servem para mediar à relação do homem sobre a natureza e também para mediar às relações com os outros indivíduos.
No livro Ética e Competências, 1997, da autora Terezinha Azerêdo Rios, ela diz que o professor é um mediador no processo de ensino – aprendizagem, pela teoria de Vygotsky podemos dizer que o aluno tem seu nível de desenvolvimento real e que pode alcançar o seu nível de desenvolvimento potencial. Para que o aluno alcance o nível de desenvolvimento potencial, ele precisa de auxílio, o professor então atuará na zona de desenvolvimento proximal desse aluno para que ele consolide o seu conhecimento estabelecendo o aprendizado na zona de desenvolvimento real.
Quando o professor for atuar nessa mediação, ele irá utilizar instrumentos extracorpóreos, que são modificados de acordo com a necessidade, como por exemplo, giz, vídeos, caneta, papel e etc.
Terezinha Rios diz que “ensinar bem os conteúdos, utilizando recursos adequados é uma das tarefas do educador competente que pretende formar um cidadão atuante a consciente.” (p. 69)
O professor deve utilizar diversos recursos para mediar o processo de ensino, que aqui podemos chamar de instrumentos. Segundo Vygotsky essa mediação também é feita através de sistemas simbólicos, que foram criados praticamente ao mesmo tempo em que os instrumentos.
Os sistemas simbólicos são compostos por:
· Signos - imagens mentais de representação
· Significante - fala, escrita, gestos e etc.
· Significado - que são atribuídos de acordo com a realidade de vida cada indivíduo, por exemplo, quando pensamos em uma casa surgem diferentes imagens, cada indivíduo tem sua própria representação mental de uma casa, alguns vão pensar em lar outros em uma casa térrea ou sobrado porque está atribuindo significado de acordo com sua vivência.
Os sistemas simbólicos dão sentido no momento da relação mediadora, pois o professor, por exemplo, utiliza a fala, a escrita e os gestos. Os exemplos utilizados em aula atribuem significado para simplificar o entendimento dos conteúdos.
“Ao organizarmos projetos, planejarmos o trabalho que temos intenção de realizar, lançamos-nos para diante, olhamos para frente. É isso que garante a significação do processo histórico”. (p. 45) Nesse ponto percebemos que o professor que serve no processo de ensino como mediador, deve preocupar-se em preparar a aula com um objetivo, pois as aulas devem ser significativas para os alunos.
O significado de cada conteúdo também será influenciado de acordo com as experiências de vida de cada aluno, propiciando um entendimento individual que podemos chamar de saber.
Assim tanto para Vygotsky como para Terezinha Azerêdo Rios, a medição através dos instrumentos e por sistemas simbólicos, facilitam a aprendizagem por utilizarem a memória e auxiliarem a controlar a atenção. Os medidores: instrumentos e sistemas simbólicos sofrem transformações ao longo do tempo, o que mostra ao professor que nada é estático, e que procurar diferentes e novas maneiras de aplicar o mesmo conteúdo é algo que ele pode e deve fazer.

Referências

IACOCCA, Liliana; Michele. O planeta eu – Conversando sobre sexo. São Paulo: Ática, 2003.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
RIOS, Terezinha Azerêdo. Ética e Competência. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.
OLIVEIRA, Marta Kohl de. VYGOTSKY – Aprendizado e Desenvolvimento Sócio-histórico. São Paulo: Scipione Ltda.: Vozes, 1993.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Saúde e Educação

“Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (OMS).
- Educar para saúde é o desenvolvimento da consciência sanitária, estratégia de conquista dos direitos de cidadania, promoção (mudanças de hábitos) e proteção (ações para uma vida saudável).
- determinantes da condição de saúde:
· Biológicos
· Meio físico
· Socioeconômico
· Cultural
- A promoção da saúde se faz por meio da educação, da adoção de estilos saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da produção de um ambiente saudável.
- A prevenção da saúde são ações eminentemente protetoras da saúde (medidas de vigilância epidemiológica, sanitária, vacinação, alimentos, ambiente, meio ambiente, visitas regulares aos profissionais da saúde.
- A educação para saúde cumprirá seus objetivos ao conscientizar os alunos para o direito à saúde, sensibilizá-los para a busca permanente da compreensão dos determinantes da saúde e capacitá-los para medidas práticas de promoção, prevenção e recuperação da saúde ao seu alcance.

Ensinar saúde ou educar para saúde

Ensinar saúde o foco é colocado numa formação sobre a saúde em conceitos que fundamentaram as propostas clássicas da disciplina de ciências baseada no biologismo (anatomia-fisiológia). Essa estratégia não se revelou suficiente para abordagem de conteúdos relativos ao procedimento e atitudes necessárias à promoção da saúde.
A educação para a saúde só será efetivamente contemplada se puder mobilizar as mudanças necessárias na busca de uma vida saudável, valores, atitudes, aquisição de hábitos constituem a dimensão mais importante.
- O que ensinar nos dois primeiros ciclos em saúde?
· Dimensão individual e social da saúde
· Autoconhecimento para o autocuidado
O ser humano dispõe de meios para criar as próprias condições de bem estar físico, mental e social. Isso requer o conhecimento das mudanças que ocorrem com o crescimento e o desenvolvimento de cada pessoa e uma consciência crítica em relação os fatores que interferem na saúde.
- Identidade – semelhanças e diferenças
- Fases do desenvolvimento (concepção até velhice)
- Funcionamento do corpo
- Higiene, hábitos alimentares, sensações ( dor, etc)
- Saneamento
- Respeitar os limites do corpo.

Vida Coletiva

- A melhoria das condições de saúde é produzida nos espaços coletivos, nas relações com outras pessoas. Saúde deve ser vista como valor e não apenas ausência de doença.
- Solidariedade, cooperação, conservação podem ser estendidas do meio público, a família.
- A escola pode oferecer oportunidade de aprendizado de diferentes formas de ação que favoreçam a saúde coletiva, a proteção e a recuperação da saúde.
· Meio ambiente (recursos)
· Agente de transformação
· Meios

Questões sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais de Orientação Sexual



1) No bloco: Relação de gênero o que é discutido e quais conteúdos podem ser trabalhados?

- Discute o conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Desenvolvimento das noções de “masculino” e “feminino” como construção social.
- Pode-se trabalhar a diversidade de comportamento de homens e mulheres em função da época e do local onde vivem; a relatividade das concepções tradicionalmente associadas ao masculino e ao feminino; o respeito pelo outro sexo, na figura das pessoas com as quais se convive; o respeito às muitas e variadas expressões do feminino e do masculino.

2) No bloco de conteúdos: Corpo matriz da sexualidade os PCNs orientam para a compreensão do corpo. O que seria esta compreensão? Que temas podem ser abordados?

- A compreensão entre os conceitos de organismo e corpo.
- Organismo: se refere à infra-estrutura básica biológica dos seres humanos.
- Corpo: diz respeito às possibilidades de apropriação subjetiva de toda experiência na interação com o meio.
A abordagem sobre corpo deve ir além das informações sobre sua anatomia e funcionamento.
- O corpo é concebido como um todo integrado, de sistemas interligados e inclui emoções, sentimentos, sensações de prazer/desprazer.
- Deve-se considerar os fatores culturais que intervêm na construção da percepção do corpo, esse todo inclui as dimensões biológica, psicológica e social.
- Busca-se construir noções, imagens conceitos e valores a respeito do corpo em que esteja incluída a sexualidade como algo inerente, saudável, necessária e desejável da vida humana.
Temas que podem ser trabalhados:
- As transformações do corpo do homem e da mulher nas diferentes fases da vida, dentro de uma perspectiva de corpo integrado, envolvendo emoções, sentimentos e sensações ligadas ao bem-estar e ao prazer do autocuidado; os mecanismos de concepção, gravidez e parto e a existência de métodos contraceptivos; as mudanças decorrentes da puberdade; amadurecimento das funções sexuais e reprodutivas; aparecimento de caracteres sexuais secundários; variação de idade em que inicia a puberdade; transformações decorrentes de crescimento físico acelerado; o respeito ao próprio corpo e ao corpo do outro; o respeito aos colegas que apresentam desenvolvimento físico e emocional diferentes; o fortalecimento da auto-estima; a tranqüilidade na relação com a sexualidade.

3) O que visa a orientação sexual no que se refere à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis/AIDS? Que conteúdos abrange?


- A orientação sexual visa desvincular a sexualidade dos tabus e preconceitos, na discussão das doenças sexualmente transmissíveis/AIDS não se deve acentuar a ligação entre sexualidade e doença ou morte.
- Visa a promoção de condutas preventivas, enfatizando-se a distinção entre as formas de contato que propiciam risco de contágio daquelas que, na vida cotidiana, não envolvem risco algum.
- “AIDS mata” / “AIDS previne-se”
- Fornecer informações sobre AIDS, possibilitar a explicitação dos medos e angústias suscitados e a abordagem dos diferentes mitos e obstáculos emocionais e culturais que impedem a mudança de comportamento necessária à adoção de práticas de sexo seguro.
- Dar enfoque na saúde não na doença.
Conteúdos que podem ser trabalhados: - O conhecimento da existência de doenças sexualmente transmissíveis; a comparação entre as formas de contato que propiciam contágio e as que não envolvem riscos; recolher, analisar e processar informações sobre AIDS, por meio de folhetos ilustrados, textos e artigos de jornais e revistas; o conhecimento e a adoção dos procedimentos necessários em situações de acidente ou ferimentos que possibilitem o contato sanguíneo; o repúdio às discriminações em relação aos portadores de HIV e doentes de AIDS; o respeito e a solidariedade na relação com pessoas portadoras do vírus ou doentes de AIDS.

4) Qual a postura do professor no que se refere ao trabalho de orientação sexual?

- O educador deve reconhecer como legítimo e lícito, por parte das crianças e dos jovens, a busca do prazer e as curiosidades acerca da sexualidade, uma vez que fazem parte de seu processo de desenvolvimento.
- O professor deve ter discernimento para não transmitir seus valores, crenças e opiniões como sendo princípios ou verdades absolutas.
- É necessário que se estabeleça uma relação de confiança entre alunos e professor.
- O professor deve se mostrar disponível para conversar a respeito das questões apresentadas, não emitir juízo de valor sobre as colocações feitas pelos alunos e responder às perguntas de forma direta e esclarecedora.
- Transmitir informações corretas do ponto de vista científico.
- Esclarecimentos sobre as questões trazidas pelos alunos são fundamentais para que eles tenham uma maior consciência de seu próprio corpo e melhores condições de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e abuso sexual.
- Respeitar a opinião de cada aluno e ao mesmo tempo garantir o respeito e a participação de todos nas discussões.

5) A relação escola-família na abordagem da orientação sexual é importante? Justifique.

Sim, é importante.
- A ação da escola complementa à educação dada pela família.
- A escola deve informar os familiares dos alunos sobre a inclusão de conteúdos de orientação sexual na proposta curricular e explicitar os princípios norteadores da proposta.
- O papel da escola é abrir espaço para expressão da pluralidade de concepções, valores e crenças, não compete à escola, em nenhuma situação, julgar como certa ou errada a educação que cada família oferece.
- Cabe a escola trabalhar o respeito às diferenças, a partir da sua própria atitude de respeitar as diferenças expressas pelas famílias.
- Cabe a escola garantir a integridade básica de seus alunos em situações que haja violação dos direitos das crianças e dos jovens.

DROGAS

1) Qual o conceito de drogas? Por que dizemos que elas não são boas nem más? Por que a adolescência é a fase mais propensa para o uso de drogas?

- “Droga” é qualquer substância que, não produzida pelo organismo, tem capacidade de modificar o funcionamento desse organismo.
- As drogas não são boas nem más. Bom ou mau é o uso que se faz delas. Assim, uma droga utilizada com a finalidade de tratar um problema de saúde é um “medicamento” ou “remédio”. Por outro lado, uma droga que faz mal é um “veneno” ou um “tóxico”.
- A adolescência é a fase da vida em que as pessoas estão mais propensas a usar drogas, pois tendem a sentir-se inseguras, com necessidade de auto-afirmação, a julgar o uso de drogas como um processo natural, inofensivo ou necessário para obter prazer ou aceitação.

2) A OMS (Organização Mundial da Saúde) classifica os usuários. Explique estas classificações.

- Experimentador - utiliza um ou mais tipos, em geral por curiosidade sem dar continuidade.
- Ocasional – utiliza uma ou várias drogas quando disponíveis, sem causar rupturas nas relações afetivas, sociais ou profissionais.
- Habitual ou funcional – faz uso freqüente, ainda controlado, mas já se observam sinais de rupturas.
- Dependente ou disfuncional – vive pela e para a droga, descontroladamente, com rupturas em seus vínculos sociais com marginalização e isolamento.

3) Qual a relação feita entre usuário de drogas e AIDS?

O uso de drogas é considerado em comportamento de alto risco para a infecção pelo vírus da AIDS. Pessoas sob efeito de álcool e outras drogas podem perder a capacidade de avaliar riscos e ter relação sexual sem preservativo ou se infectar ao usar uma seringa utilizada por outras pessoas.

4) Qual a gravidade da dependência?

Sua gravidade é determinada pelo tempo de consumo e quantidade utilizada, pelas características da pessoa que usa e pelo ambiente em que ela vive. A pessoa sente um forte desejo (muitas vezes irresistível) de utilizar diariamente a substância. Traz riscos para a saúde e para a vida do dependente.

5) Cite e explique as estratégias de prevenção do uso de drogas.

- Informações científicas – dar informações de modo neutro e científico permite que os jovens tomem decisões racionais sobre o uso de álcool e drogas.
- Educação Afetiva e o Treinamento de Habilidades – estes modelos visam estimular e valorizar a auto-estima, a habilidade de decidir e relacionar-se em grupo.
- Educação para a saúde – o objetivo principal é conscientizar o aluno sobre os problemas do mundo que o cerca, desenvolvendo sua capacidade de escolher uma vida ais saudável para si e sua comunidade.
- Controle Social – baseia-se na adoção de regras para o controle do uso de drogas na escola e na sociedade (proibição de propaganda de cigarro, por exemplo).

6) escolha e explique 3 tratamentos para usuários de drogas e álcool.

- Grupos de auto-ajuda – Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA) são grupos de ajuda mútua formados por voluntários homens e mulheres dependentes de drogas e familiares se reúnem para discutir seus problemas, dificuldades e sucessos. O serviço é gratuito.
- Psicológico – Aborda as questões relacionadas ao comportamento, às emoções, á motivação, aos relacionamentos sociais ( trabalho, casamento, família, amigos) e analisa como cada um desses aspectos se relaciona com o uso de substâncias.
- Tratamento ambulatorial – a pessoa faz visitas freqüentes a um ambulatório especializado para tratamento, no qual ela tem consultas com os profissionais de saúde.

7) A maconha é a porta de entrada para o uso das drogas?

O primeiro contato dos jovens com drogas não costuma ser a maconha, mas sim as substâncias legais, como álcool e o tabaco.

8) Quais os sinais que podem ser observados em um jovem usuário de drogas?

Alterações de comportamento como evitar a convivência e conversas com os pais, tornar-se mais desligado, sem interesse ou, ao contrário, mais “elétrico” e agitado, ficar muito tempo fora de casa, não apresentar os amigos, gastar muito dinheiro, trazer coisas novas e de valor para casa e desaparecimento de objetos pessoais e de familiares. O fato de a pessoa apresentar um ou mais desses sintomas não significa necessariamente que está consumindo alguma droga.

Para saber +

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