sábado, 30 de abril de 2011

Deficiência Intelectual

A Deficiência Intelectual é a nomenclatura usada atualmente para definir o que antigamente chamávamos de Deficiência Mental. O termo foi aprovado em agosto de 2006, em uma Convenção Internacional de Direitos Humanos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU).
A Deficiência Intelectual não é considerada uma doença ou um transtorno psiquiátrico e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro. As Deficiências Intelectuais podem variar de leve à grave, diferenciando muito a intervenção de quem trabalha com este aluno.
É considerado deficiente intelectual "pessoas com funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como:
- Comunicação;
- Cuidado pessoal;
- Habilidades sociais;
- Utilização da comunidade;
- Saúde e segurança;
- Habilidades acadêmicas;
- Lazer;
- Trabalho.” (Indicação do MEC)

Estatísticas

Os dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – indica que 5% da população apresenta Deficiência Intelectual no Brasil.
Nas escolas especializadas o índice de alunos com Deficiência Intelectual chega a 60% dos alunos matriculados, já nas escolas regulares o índice chega a 27% estes dados correspondem ao Censo Escolar de 2005.

Causas Intra-individuais:

- Origem Genética: resultam de transmissão hereditária, quando um dos pais é portador o seu código genético de gene causador da doença, ou ainda, devido a anomalias nos cromossomos (ex: trissomia 21, trissomia 18);
- Origem Metabólica: resultam de alterações metabólicas associadas a alterações endócrinas ou à incapacidade de produzir determinadas proteínas ou enzimas quando determinados genes associados a essas substâncias não funcionam (ex: fenilcetonúria, galactosemia);
- Doenças Cerebrais Graves: resultam do aparecimento de tumores na região cerebral, ou ainda desordens degenerativas (neurofribromatosé, esclerose tuberosa);
- Desordens Psíquicas: resultam de certos casos de autismo e esquizofrenias.

Causas Externas ao Indivíduo:

- Fatores Pré-Natais (antes do nascimento): infecções e intoxicações (ex; rubéola, sífilis, toxoplasmose, drogas, intoxicação por chumbo ou mercúrio, radiações), desnutrição materna, precariedade na assistência à gestante, alcoolismo, ingestão de álcool, uso de drogas e cigarros pela gestante, efeitos de medicamentos proibidos para mulheres grávidas, poluição ambiental;
- Fatores Peri-natais (do nascimento até 1 mês de vida do bebê): falta de assistência ou traumas no parto, prematuridade ou baixo peso do bebê, incompatibilidade de fator Rh, falat de cuidados básicos com o bebê, hipóxia (oxigenação no cérebro insuficiente), anóxia (falta de oxigenação no cérebro), icterícia grave do bebê;
- Fatores Pós-Natais ( após o 1º mês de vida do bebê): traumatismo craniano (quedas), desnutrição, desidratação grave, intoxicações (venenos, remédios, inseticidas, produtos químicos como chumbo, o mercúrio), infestações com a larva do Taenia Solium;
- Fatores Ambientais: ausência de estimulações no ambiente, como por exemplo: crianças de orfanatos, empobrecimento nas relações afetivas, entre outras.

Dicas para o trabalho em sala de aula

- Focar a atenção, dando prioridade aos objetivos que queremos ensinar;
- Partir de contextos reais;
- Criar situações de aprendizagem positiva e significativas, preferencialmente em ambientes naturais dos alunos;
- Usar de situações e formas mais concretas possíveis;
- Transferir os comportamentos e aprendizados adquiridos para novas situações;
- Dividir as tarefas e partes gradualmente, dificultando as aquisições os poucos, respeitando o ritmo do aluno;
- Motivar, elogiar o sucesso e valorizar a auto-estima;
- Atender não só a área dos conhecimentos acadêmicos, mas aprendizados que façam melhorar a qualidade de vida de todos os alunos;
- Nos conhecimentos acadêmicos devem ser experienciadas situações do cotidiano, como por exemplo: ler e escrever o nome, endereço e telefone, ensinar a utilizar o telefone, ler informações das paradas de ônibus, placas, rótulos, saber ver as horas, compreender valor monetário, saber fazer compras e dar troco, organizar materiais, utilizar os utensílios domésticos, ter higiene pessoal, saber se comportar em diferentes ambientes, saber utilizar transporte publico e saber se comunicar;
- Utilizar em seu trabalho diferentes tipos de linguagens como: músicas, artes, expressões corporais, entre outras;
- E principalmente acreditar que o aluno com deficiência intelectual pode aprender como outras crianças. Só precisam acreditar nisso e ter as ferramentas necessárias;
- Não há perfil único para os alunos com Deficiência Intelectual. É realizado um acompanhamento contínuo pelo professor, o qual registra suas observações, para com o tempo, perceber a melhor forma que este aluno pode aprender.

Testes de Q.I

Muitos profissionais da psicologia ainda fazem uso de testes para avaliar seus pacientes e quanto a isso é importante sabermos que na história dos testes psicológicos tivemos a primeira Escala de Inteligência criada por Binet e Simon, no início do séc. XX, 1904, na França. O ministério público estava preocupado com o grande índice e reprovação de crianças no ensino público então contratou dois psicólogos, Binet e Simon, para estudar o problema e identificar o que estava acontecendo.
Eles então criaram o primeiro teste psicológico, escala de inteligência e foram modificando essa escala, transformaram-na em teste. A primeira escala de inteligência foi desenvolvida especificamente para crianças. Trabalharam com crianças na faixa de 3,4,5 até 11 anos e fizeram um levantamento de tudo que as crianças de determinada faixa etária conhecem. Elaboraram um questionário com 30 questões para identificar o que elas conheciam de cada faixa etária. Eram perguntas do cotidiano das crianças. Com isso eles identificaram a idade mental (ID) da criança e comparavam-na com a idade cronológica (IC).
Hoje estamos num momento melhor graças à regulamentação:
- Só o psicólogo pode usar, instrumento específico do psicólogo;
- Conselho Federal de Psicologia lançou normas para rever os testes;
- Hoje felizmente já temos o Visk brasileiro (fruto de uma tese de Doutorado do Rio Grande do Sul);
- Um termo muito conhecido entre nós e que a cada dia está mais em desuso é o Coeficiente de Inteligência, mais conhecido como QI;
- O Coeficiente de Inteligência (QI) é uma medida que pretendia “quantificar” o conhecimento das pessoas e foi classificado como:
- Limítrofe: QI de 71 a 85;
- Deficiência Intelectual Leve: QI de 51 a 70;
- Deficiência Intelectual Moderada: QI de 36 a 50;
- Deficiência Intelectual Severa: QI de 20 a 35;
- Deficiência Intelectual Profunda: QI menor que 20.

Referências:
HONORA, M e FRIZANCO, M.L.E. Esclarecendo as deficiências.São Paulo: Principis, 2008.