domingo, 21 de outubro de 2012

Relatório de Filme - O Milagre de Anne Sulivan


Título: O milagre de Anne Sulivan/ The Miracle Worker 
Diretor: Arthur Penn
Ano: 1962
Sinopse: A incansável tarefa de Anne Sullivan (Anne Bancroft), uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller (Patty Duke), uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança. 

O mundo se reflete dentro da gente 

O filme aborda a história de uma garota com deficiência. Helen Keller é surdocega pré-linguística e por não ter recebido nenhum tipo de educação, não saber como se comunicar; vive exclusa da sociedade e até mesmo do convívio familiar. 
Helen Keller vive em um mundo sem som, sem escrita e sem luz; isso faz com que ela não tenha conhecimento do mundo que a cerca, pois seus pais a veem como um ser digno de pena, não souberam como proporcionar a filha um ambiente favorável a comunicação, deixando que Hellen fizesse tudo que quisesse e por causa disso ela não sabia nem ao menos; como usar os utensílios para se alimentar. 
Podemos perceber que por Hellen viver em uma sociedade preconceituosa que acreditava que a pessoa com deficiência era um estorvo para família, não lhe davam o devido respeito como ser humano. Esse preconceito destrói a possibilidade de conhecimento e crescimento, pois como a protagonista era vista como alguém incapaz de aprender, não lhe proporcionavam situações de aprendizado. 
Quando o pai de Hellen intenciona enviá-la para uma instituição de doentes intelectuais e sua mãe intervém pedindo-lhe que contrate uma tutora de um instituto em Boston, a vida da garota muda, pois sua tutora Anne Sulivan não a vê como um ser incapacitado e sim como uma garota com potencial para aprender. 
Diante de várias dificuldades e até mesmo contra os próprios pais da garota, Anne Sulivan jamais desisti de fazê-la entender o mundo que a cerca. Para se comunicar com Hellen ela utiliza o tadoma fazendo com que a garota repouse a mão sobre seus lábios e sua garganta para que ela sinta a vibração do som e a língua de sinais que ela faz com que Hellen perceba tocando os objetos e depois a sua mão e sua expressão facial. 
Hellen finalmente entende que o sinal representa algo quando Anne coloca suas mãos na água e depois faz o sinal para que ela toque sua mão. 
Esse filme nos faz perceber o quanto às relações sociais são essenciais, que o homem é um ser social e que é na língua e pela língua que o sujeito se constitui como tal. 
“Quando a gente abre os olhos, abrem-se as janelas do corpo e o mundo aparece refletido dentro da gente”. Rubem Alves 
Se uma pessoa é privada da visão e audição, temos outros meios de fazer o mundo, a cultura, refletir dentro dessa pessoa, o tadoma e a língua de sinais é seguramente uma forma disso acontecer. O milagre de Anne Sulivan revela como a pessoa privada da audição e da visão tem dificuldades em generalizar habilidades aprendidas separadamente, aprendem mais lentamente, necessitam de instruções organizadas e sistematizadas, mas não é por causa disso que devemos pensar que ela não tem potencial para aprender. 
Devemos criar uma relação de confiança com esta pessoa e proporcionar um ambiente interativo, favorecendo o desenvolvimento da comunicação e da autonomia dessa pessoa.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Relatório de Filme - O Estudante

Ficha Técnica


Título: O Estudante/ Original: El estudiante 
Diretor: Roberto Girault 
Elenco: Jeannine Derbez, Cuauhtémoc Duque, Pablo Cruz, Jorge Lavat, Norma Lazareno, Daniel Martínez, Siouzana Melikian, Jorge Luis Moreno, Cristina Obregon, José Carlos Ruiz, Silvia Santoyo
Duração: 96 min./ Ano: 2009 
País: México/ Gênero: Drama 
Distribuidora: Califórnia Filmes 
Sinopse: Chano (Jorge Lavat) tem 70 anos e resolveu se inscrever para cursar Literatura na faculdade. Com isso ele passa a lidar com os jovens, um universo bastante diferente do qual está acostumado. Entretanto, sempre tendo Dom Quixote como exemplo maior, ele enfrenta as barreiras causadas pela diferença de idade e faz novos amigos. Até que um dia um acontecimento inesperado o atinge em cheio, fazendo com que seus novos amigos tenham que auxiliá-lo.


O Estudante: Uma demonstração de amor ao conhecimento


O personagem Chano decide voltar a estudar e inscreve-se no curso de Literatura, podemos acompanhar no filme que ao cogitar a possibilidade de tal feito Chano se vê intimidado pela filha que acredita que o pai fará papel de ridículo ao retornar aos estudos com 70 anos de idade. A esposa a princípio não concorda com a decisão tomada pelo marido porque desejava desfrutar junto a ele o tempo lhes restava, mas no decorrer da história mostra-se companheira e motivadora, a mesma o acompanha na efetuação de sua matrícula, episódio em que novamente é vítima do preconceito da atendente que o indaga sobre a presença do filho ou do neto que deseja cursar a universidade.
Na universidade o senhor sente o preconceito dos jovens alunos e até mesmo do professor que em determinado momento o excluí da participação numa peça baseada na obra de Miguel de Cervantes, intitulada Dom Quixote, alegando que Chano não se adaptaria as exigências do trabalho. Dessa forma, o professor adota uma postura autoritária, menospreza o conhecimento e a capacidade de seu novo aluno. 
Este filme apresenta diversas passagens interessantes como, por exemplo, o momento em que Chano visita a universidade com a neta antes de matricular-se e o “cuidador e zelador” da biblioteca o surpreende no local e questiona sua presença ao passo que o primeiro lhe responde “a porta estava aberta” e o zelador lhe diz “as portas da cultura como as da igreja e aquelas da política estão sempre abertas ou deveriam estar” e quando a neta de Chano questiona o cuidador sobre ela ser grande ou não, responde “aqui todos somos grandes e todos somos pequeninos, todos somos o que queremos ser, o que a nossa imaginação nos permite ser”, mas mesmo tendo essa visão ele expulsa Chano e sua neta alegando que o espaço só pode ser utilizado por alunos regularmente matriculados e mantém a porta fechada para que qualquer um não entre. Vemos aqui a importância atribuída ao ato de ler, a ciência de que a leitura pode nos levar a lugares distantes para conhecermos outros mundos possíveis e que a escola ou universidade poderia contribuir com o acesso a cultura permitindo consultas ao seu acervo. 
No decorrer do filme podemos ver que Chano conquista a estima dos jovens alunos que tornam-se seus amigos e ele um grande incentivador do potencial deles. Assim, o senhor acaba sendo convidado para uma festa com a turma e nesse episódio vemos que apesar de todos os presentes terem nascido em épocas distintas, possuem a mesma essência, passaram por crises e problemas e tem desejos e sentimentos semelhantes e próprios das diferentes fases da vida, o que faz com que Chano seja um conselheiro dos jovens em determinados momentos. 
Como a preparação para encenação da peça não estava fazendo sentindo para os alunos, os mesmos buscam o auxílio do colega mais maduro que lhes diz: “as grandes obras estão cheias de sabedoria de vida, no entanto, para encontrá-la temos que fazê-la nossa e para entendê-la deve-se compartilhar, dizê-la não apenas ler, explicar não apenas escrever” e assim Chano os induz a ler e interpretar passagens da obra de Cervantes para os transeuntes da cidade e com isso os jovens vão atribuindo significado ao romance. 
Dessa forma, Chano nos mostra o quanto o conhecimento conquistado pela sua experiência de vida é tão importante quanto o acadêmico, o quanto esses saberes são primordiais na construção de novos conhecimentos e que o contato com a literatura de qualidade pode transformar o ser humano e seu ponto de vista sobre as relações que estabelecemos com o outro em diversos contextos sociais e sobre os mecanismos constitutivos da sociedade, do que está sendo, de como estamos sendo no mundo. 
No final do filme o estudante perde sua esposa e acaba se afastando dos estudos, pois sente-se sozinho no mundo sem a sua companheira e razão de sua existência, com o passar dos meses e com o incentivo de seus jovens amigos Chano retoma os estudos. 
Em vista das observações feitas acima, podemos concluir que Chano possuía saberes que a escola/universidade não nos ensina, conhecimentos que foram frutificados no campo da vida e que são repletos de significação. 
Este filme contribui para minha formação porque pude estabelecer relações entre o enredo, o conteúdo ministrado em aula e a função do professor ao trabalhar com a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Percebi que os saberes deste público devem ser considerados no processo de ensino e aprendizagem, sua experiência de vida deve ser respeitada e é carregada de significação que pode ser um elo com o que se pretende ensinar, que este público tem características próprias e um modo de aprender singular e que o incentivo do professor e da família são primordiais para o progresso deste aluno que não teve a oportunidade de completar seus estudos na idade apropriada por qualquer motivo (entre os quais é frequente a menção da necessidade de trabalho e participação na renda familiar desde a infância).

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Administração Escolar e Transformação Social

1) Mesmo que muitas vezes os problemas educacionais sejam analisados como se fossem de ordem administrativa (aplicação de verbas, incompetência das pessoas etc...), quais são as características específicas da Administração Escolar? Explique. 

A administração Escolar tem características semelhantes a da administração Geral e realiza-se no seio de uma formação econômico-social. No entanto, diverge das empresas em geral, pois visa fins de difícil identificação e mensuração, tem um caráter de prestação de serviços e é a mão de obra que possui participação relativa mais elevada, o que não ocorre na empresa, que tem grande participação relativa das máquinas e demais meios de produção em geral. Estes são aspectos que devem ser considerados ao aplicar a administração empresarial na escola para que esse processo se realize com êxito.

2) A administração capitalista é constituída por procedimentos gerenciais (controle do trabalho alheio) e conteúdo técnico (alternativas econômicas e eficientes com fins ao alcance dos objetivos). Como esse tipo de administração é implementada nas escolas, qual o enfoque predominante e quais as conseqüências para a atividade pedagógica? 

Administração capitalista é constituída por procedimentos gerenciais e conteúdo técnico, foi implantada na escola com o objetivo de atender os interesses da classe dominante, isso é perceptível na escola através das normas técnicas administrativas, que visam alcançar altos índices de produtividade, e que a instituição escolar assume para aprender em termos de eficiência e racionalidade, tornando a administração escolar atrofiada em numero excessivo de normas e regulamentos com a tributos meramente burocratizantes, desvinculados da realidade e inadequado a soluções de problemas; ao implantar na escola regras de organização empresariais entende-se que os problemas são causados por falta de recursos e com aumento dos recursos esses problemas podem ser facilmente resolvidos, se não forem a culpa é da administração que não pode ser considerada boa.
Entretanto, esse tipo de administração reduz o sentido pedagógico característico da escola, conforme a classe dominante passou a destinar menos recursos para as escolas públicas, as salas foram ficando cada vez mais cheias, os recursos didáticos ficaram cada vez mais precários e insuficientes, o professor e o quadro geral dos funcionários teve seu salário diminuído causando a baixa qualidade do ensino.

3) Qual o papel do diretor de escola (educador x gerente) e quais, de acordo com o texto, são as pressões que ele sofre? Por que o autor reforça a idéia que a Administração Escolar é conservadora? 

O diretor da escola está no topo da hierarquia da escola, cabe a ele a ultima palavra a ser dada, como representante da lei no ambiente escolar, cabe a ele a supervisão e o controle das atividades, para isso cada funcionário tem suas funções delimitadas que no sistema hierárquico burocratizado facilitam a controle e cobrança das tarefas atribuídas.
Na administração escolar o diretor é responsável por duas funções que em principio são inconciliáveis, a primeira refere-se ao seu papel de educador que atribui-lhe a tarefa de buscar os objetivos educacionais da escola; a segunda refere-se ao seu papel de gerente que o torna o responsável pela instituição escolar que o fazem cumprir com as determinações de emanadas dos órgãos superiores do sistema de ensino, esses órgãos bombardeiam a escola com leis, resoluções, portarias, regulamentos, etc. Dessa forma o diretor dispõe de um tempo considerável de seu trabalho para atender essas formalidades burocráticas, e ainda encontra obstáculos legais para soluções de vários de seus problemas.
Assim o diretor também se vê pressionado de dois lados, o primeiro enquanto as reivindicações dos professores e pessoal da escola na busca por melhorias de condições de trabalho que promovam a melhoria do ensino, o outro lado diz respeito às pressões feitas pelo Estado que pede o cumprimento dos regulamentos e determinações da escola.
A impotência do diretor em resolver os problemas da escola articula-se como papel de gerente que o Estado lhe reserva, por isso a escola tem a função administrativa conservadora, pois nos mecanismos de gerencia percebem-se as ineficiências de buscar seus objetivos educacionais.

4) Qual é a natureza do trabalho realizado na escola (distinguir escola pública e escola privada)? É trabalho produtivo ou improdutivo? Explicar esses conceitos. 

A escola tem como objetivo distribuir o saber historicamente acumulado, nesse sentido a natureza do trabalho realizado na escola é não material, pois está voltado a produção de ideias, divulgação da cultura, e não produz um produto em um momento que é consumido em outro momento, essa é uma característica da educação escolar, entretanto na escola privada existe um trabalho produtivo, pois nas relações estabelecidas nesses estabelecimentos, gera mais valia , pois o valor das mensalidades junto com as horas de trabalho de cada professor e funcionário geram a mais valia para o dono da escola.
Enquanto na escola pública há um trabalho improdutivo pois o dinheiro para manter a escola vem dos impostos e não gera-se mais valia nesse processo.

5) Se o modo de produção capitalista não pode aplicar-se de forma plena na escola em virtude da natureza da educação, situe: 
a) Papel do educando (como matéria-prima, consumidor, co-produtor). 
b) Produto da ação educativa. 
C) Natureza do saber envolvido no trabalho escolar (que não pode ser expropriado do trabalhador).

Por conta da função pedagógica da educação o modo capitalista não pode aplicar-se de forma plena na escola para entender isso é preciso observar os seguintes aspectos:
a) Papel do educando - o aluno na perspectiva capitalista é tanto matéria prima, consumidor e co produtor, seu papel de matéria prima se dá ao observá-lo como o produto que será transformado no final do processo, acontece que ele também situa-se como consumidor já que é o aluno quem consome a aula que o professor está lecionando, dessa forma percebe-se que não existe uma separação entre produção e consumo; seguindo esse raciocínio podemos perceber o papel do aluno também como co produtor, pois se o consumidor não separa-se da produção, entende-se que a aula acontece com a presença do professor e do aluno que não está apenas presente, e sim participando, logo ele colaborou na produção da aula.
b) Produto da ação educativa - a aula é considerada o produto da ação educativa, mas ao considerar o aluno objeto e sujeito da ação educativa faz necessária uma reflexão mais profunda sobre isso, afinal no momento da aula o sujeito “consome” alguns conhecimentos e alguns fatores se prolonga para além do momento da aula, identificando que o consumo da aula não é apenas imediato, outro fato relevante diz respeito aos mecanismos de avaliação da qualidade dos produtos, no capitalismo se um produto não satisfaz os consumidores eles se inclinam aos concorrentes, no caso da aula, o aluno não possui um mecanismo de sanção tão eficiente, no caso dos discentes do ensino privado ainda há uma certa margem de pressão direta quando não se sentem satisfeitos, pois afinal estão pagando, enquanto que os discentes do ensino público não se manifestam porque quase nunca agem como consumidoras, pois lhes falta consciência que indiretamente pagaram pelo produto, pois pagam impostos.
c) Natureza do saber envolvido no trabalho escolar - no processo de produção capitalista um meio de garantir a produção é a divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, no caso do saber envolvido no processo escolar isso não pode ocorrer, pois o professor precisa ter conhecimento daquilo que vai ensinar sendo isso uma característica essencialmente pedagógica, a divisão nesse sentido não pode acontecer na escola.

6) Explique os pressupostos básicos de uma Administração Escolar comprometida com a transformação social:
a) especificidade da Administração Escolar (que deriva dos objetivos da escola e da natureza desses objetivos
b) Racionalidade social (racionalidade social: escola determinada socialmente – racionalidade externa).
c) Racionalidade interna – integrar discurso com a práxis – na busca efetiva dos fins propostos.
d) Participação coletiva – administração democrática.
e) Consideração das condições concretas – criar as condições concretas de participação; buscar a racionalidade técnica e cumprir sua função política.

A administração escolar pode colaborar para a transformação social, e isso pode ser observado ao analisarmos os seguintes pressupostos:
a) Especificidade da Administração Escolar - comprometida com os interesses da classe dominada, a administração escolar democrática tem como características os objetivos que se busca alcançar com a escola e processo que envolve essa busca, compromete-se com a apropriação do saber e da consciência critica.
b) Racionalidade Social - a própria racionalidade interna existe para função de executar os objetivos, mas para que os objetivos da educação sejam alcançados há uma transcendência dos limites da escola, pois o que se realiza na escola tem repercussão na vida do todo social, podemos verificar assim a racionalidade externa em termos de desempenho da escola. Esse é um aspecto que deve ser considerado, pois sabemos que a escola em seu discurso de neutralidade serve a atender os interesses da classe dominante, é nesse ponto que percebemos que a ação administrativa pode servir para conservar a realidade social ou para sua transformação, nesse nível é que a racionalidade se manifesta externa.
c) Racionalidade Interna – a administração escolar preocupada com a transformação social possui objetivos que buscam atender os interesses da classe trabalhadora, para isso é necessário que ao se determinar os objetivos que visam à transformação social, haja uma busca constante no intuito de alcançar esses objetivos, pois a prática administrativa torna-se conservadora por manter os objetivos apenas no nível do discurso. A intenção da racionalidade interna nesse caso é integrar o discurso da prática para alcançar o que está sendo proposto.
d) Participação Coletiva - a busca de integrar o discurso a prática, é um aspecto que diferencia esse tipo de administração da conservadora, nesse sentido é necessário uma gestão democrática, pois assim serão considerados todos os agentes envolvidos no processo educativo, partindo do quadro de funcionários, dos alunos, até a comunidade, o diretor preocupado com a escola revolucionária, através do dialogo entende as necessidades individuais e coletivas da comunidade e busca superá-las ao integrar nos objetivos da escola, ao mesmo tempo vai progressivamente ajudando a comunidade a tomar consciência de sua condição social, aspectos que os contemplem tornando a escola mais democrática, assim o poder não estará centrado em um individuo que controla os demais e sim em um grupo de pessoas com interesses semelhantes. O autor esclarece que as condições para que essa administração com participação coletiva aconteça não está pronta, é preciso encontrar os meios pra que isso aconteça, tendo em vista o que concretamente é possível fazer. Essa prática administrativa reforça a democratização interna e também o fortalecimento da unidade escolar externamente.
e) Consideração das Condições concretas - fundamentando a participação recíproca entre todos os setores envolvidos na participação democrática da escola, percebemos a necessidade de considerar as condições concretas tanto na escola como na sociedade em que essa escola está inserida, é preciso partir da realidade para alcançar os objetivos da administração democrática, envolvendo pouco a pouco o maior numero de pessoas para que essa prática aconteça.
Considerar por exemplo as condições de trabalho dos pais dos alunos, porque assim entende-se que pela sua jornada de trabalho, um encontro em uma reunião com o professor já é algo consideravelmente difícil de ser realizado, quanto mais participar de reuniões com diretor e outros setores da escola para discutir assuntos que ele não compreende como os de seus interesses. Por isso a necessidade de entender a situação da comunidade que está ao derredor da escola, fazê-los perceber que seus interesses estão ligados aos interesses da escola. Para alcançar os objetivos da escola revolucionária os professores precisam ter essa consciência critica da realidade, para não utilizarem o falso discurso da neutralidade política ajudando a eliminar a dominação de uma classe sobre as demais e consequentemente as desigualdades sociais.


Referência 
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: Introdução Crítica. 11ª ed.  São Paulo: Cortez, 2002

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Transformação Social e Educação Escolar

1) Explique o conceito de transformação social, apresentado pelo autor (sociedade política x sociedade civil). 

Para o autor, a transformação social é a superação da maneira como se encontra a sociedade, ou seja, a superação das classes sociais e não somente a atenuação dos antagonismos existentes, por iniciativa da classe dominante. É o processo pelo qual a classe dominada busca arrebatar a hegemonia social das mãos da classe dominante, construindo um novo bloco histórico sob sua direção.
Para compreendermos como se organiza a sociedade capitalista é essencial que saibamos como funciona a superestrutura política, jurídica e ideológica da sociedade.
A superestrutura se compõe de duas instâncias, dialeticamente interligadas, mas que possuem suas especificidades, são elas:
- A sociedade política, ou Estado no sentido estrito, na qual a classe no poder utiliza os mecanismos de coerção estatal (forças aradas, tribunais, legislação, política etc) para dominar os grupos discordantes dos rumos impressos pela mesma e nos momentos de crise no comando e na direção quando fracassa o consenso espontâneo. Esta se utiliza da coerção, sendo assim, os grupos oprimidos só se submetem diante da presença do opressor e este deve manter uma vigilância constante para que a obediência se mantenha.
- A sociedade civil que agrupa os organismos chamados “privados” utilizando-se da persuasão e não da coerção, seus efeitos são duradouros, pois os grupos sociais dominados são convencidos pela exposição à argumentos que favorecem sua escolha num determinado sentido, privando-os dos demais por meio dos mecanismos inerentes aos meios de comunicação de massa, à escola, às associações científicas e culturais em geral, às igrejas, aos sindicatos e associações profissionais, aos partidos políticos, enfim, a todos aqueles organismos ditos “privados”.
Na sociedade capitalista estas duas instâncias canalizam suas atividades para garantir o domínio da classe detentora dos meios de produção, por meio dos mecanismos persuasivos citados anteriormente difunde a sua ideologia e através da direção intelectual e moral passa a exercer a hegemonia na sociedade.

2) Explique o conceito de intelectual orgânico. 

O intelectual orgânico, no sentido estrito, é a pessoa que tem inclinação para as coisas do espírito, inteligência. Entretanto, para o autor, todas as pessoas são intelectuais, mas nem todas tem a função de exercer esse papel na sociedade. Então, define-se o intelectual como aquele que está ligado a estrutura econômica e também comprometido com os interesses de determinada classe social.
No sistema capitalista o vínculo orgânico do intelectual se dá a partir de sua ligação com a classe dominante ou com os proletariados, isso não significa que esse vínculo aconteça por conta da classe na qual esse intelectual está inserido e sim de como sua função será necessária economicamente em uma dessas classes.
Em outras palavras, um intelectual orgânico pode ser ma pessoa que nasceu na elite e se identificou com a classe trabalhadora, por isso busca seus interesses ou pode ser uma pessoa que vem da classe trabalhadora e identifica-se com a classe burguesa e busca seus interesses.

3) Explique a relação entre educação e política (ressaltando a especificidade de cada uma dessas práticas). 

Política e educação têm suas especificidades, possuem relações recíprocas e são inseparáveis.
A política busca vencer o adversário visando seus próprios interesses, é uma relação que se trava entre contrários antagônicos, ou seja, entre grupos com interesses distintos e a prática educativa busca atender os interesses da outra parte com a qual nos relacionamos, é uma relação que se trava entre contrários não-antagônicos, ou seja, entre grupos que estão em busca dos mesmos interesses.
A educação tem uma dimensão política e a política tem uma dimensão educativa. Por meio da dimensão política da educação se fortalece ou enfraquece os interesses da classe dominante e por meio da dimensão educativa da política se fortalece ou enfraquece a prática política e o convencimento para o engajamento na mesma luta. Isto porque a escola é um aparelho ideológico que pode tanto contribuir para que as relações de poder se perpetuem quanto pode trabalhar para que ocorra uma transformação no modo como o sujeito se vê e vê ao mundo objetivando-o e agindo sobre ele.
Assim, a dimensão política da educação envolve a apropriação dos instrumentos culturais para lutar contra os mecanismos de opressão e a dimensão pedagógica da política envolve a aliança entre os grupos não-antogônicos, ou seja, aqueles que possuem os mesmos interesses visando à derrota dos antagônicos que buscam perpetuar a maneira como se encontra a sociedade organizada visando seus próprios interesses que divergem dos não-antagônicos.
Portanto, a educação se revela como elemento de transformação social.

4) Como a educação escolar, conforme o autor, pode contribuir para o processo de transformação social? Explique. 

Conforme o autor, a educação poderá contribuir para a transformação social, na medida em que for capaz de instrumentalizar as classes dominadas com a apropriação do saber historicamente acumulado da ciência, da tecnologia, da filosofia, da arte, enfim, de todas as conquistas culturais realizadas pela humanidade em seu desenvolvimento histórico que hoje se concentram nas mãos da minoria dominante. Esta descentralização do saber possibilitará a afirmação, a emancipação cultural, a luta pela desarticulação do poder capitalista e a organização de uma nova ordem social pela classe trabalhadora.

Referência 
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: Introdução Crítica. 11ª ed.  São Paulo: Cortez, 2002.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Administração Capitalista

1) Com se dá o processo de produção capitalista?

No processo de produção capitalista os meios de produção que são: a matéria-prima e os instrumentos de produção (ferramentas máquinas, etc.) e a força de trabalho que é toda energia humana gasta no processo de produção, que acrescenta ao produto final mais valor do que o que ela mesma possui, se tornam mercadorias.
O valor da força de trabalho se mede pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Esta força de trabalho se produz e reproduz pelo consumo dos meios necessários à subsistência do trabalhador e de sua família. 
Para suprir suas necessidades o trabalhador vende sua força de trabalho e nesse processo produz mais que o necessário à sua subsistência e de sua família produzindo um trabalho excedente. 
O capitalista investe dinheiro na compra de mercadorias: meios de produção e força de trabalho que serve para fazer um produto que será vendido e transformado em uma maior quantidade de dinheiro em relação ao empregado inicialmente. 
Para obter esta maior quantidade de dinheiro o capitalista se vale do trabalho excedente do trabalhador. O valor produzido pelo trabalhador durante o tempo de trabalho excedente é a chamada mais-valia, objetivo último do processo capitalista.

2) “O processo de produção capitalista só se sustenta, pois a partir da exploração do trabalho alheio” p. 44. Explique a afirmação. 

O capitalista se apropria da mais-valia que se constitui na exploração do trabalho, porque o mesmo não paga o trabalhador por todo o trabalho realizado, apenas pelo necessário para produzir o valor de sua força de trabalho que é o necessário para o trabalhador e sua família subsistir.

3) De que formas ocorre a expansão do capital? Explique: 
a) Materialização no produto de valor superior (meios de produção e força de trabalho) 
b) Venda das mercadorias (preço+qualidade) 

A expansão do capital ocorre por meio da mais-valia gerada pelo trabalho excedente produzido pela força de trabalho vendida ao capitalista que é inerente ao modo de produção capitalista e através do prolongamento da jornada de trabalho e/ou pelo aumento da intensidade do trabalho que gera a mais-valia absoluta que é constituída pelo aumento da exploração da força de trabalho. No entanto, este tipo de exploração, encontra barreiras naturais e sociais por conta das capacidades físicas do trabalhador e de sua resistência à exploração ilimitada de sua capacidade de trabalho. 
Com o desenvolvimento do processo de produção capitalista e com a luta de trabalhadores por melhores condições de trabalho pela redução da jornada de trabalho, o capitalista passa a dispor de outros meios para expandir seu capital por meio do aumento da produtividade do trabalho que implica no aumento relativo do tempo de trabalho excedente, reduzindo-se o tempo de trabalho necessário sem prolongar a jornada de trabalho e/ou sua intensidade decorrendo na mais-valia relativa, o que incidi em uma mudança no processo de trabalho. 
Para expandir seu capital continuamente o capitalista investe na produção de valores de uso, sendo necessário que as mercadorias produzidas materializem valor superior ao que foi investido inicialmente nos meios de produção – matéria-prima e instrumentos – e na força de trabalho e que as mercadorias produzidas sejam vendidas, para isso é preciso que os produtos apresentem preço e/ou qualidade vantajosas em relação aos concorrentes. É a partir do aumento da produtividade que essas vantagens são asseguradas. 
Este aumento de produtividade implica na mudança do processo de trabalho surgindo assim a divisão pormenorizada do trabalho que incumbe ao trabalhador apenas uma parcela do trabalho total que é realizado por todos os trabalhadores empenhados na produção de determinada mercadoria, culminando na elevação da produtividade, pois não se perde tempo passando de uma etapa do trabalho a outra, ganha-se destreza na parcela que lhe foi incumbida e a invenção das máquinas abreviam o trabalho. No entanto, promove-se a desumanização do trabalhador e o desgaste de suas potencialidades físicas e espirituais, tonando-o um ser desestimulado e não-pensante porque aliena-o do produto de seu trabalho que é a capacidade que o torna humano e social, é a máquina que utiliza o trabalhador determinando o ritmo de produção, priva-se assim o trabalhador de exercitar sua inteligência. Esse processo de produção é vantajoso para o capitalista, pois produz mais e o mesmo pode comprar separadamente a capacidade de trabalho que necessita em determinada etapa do trabalho barateando a força de trabalho, pois se todo o processo de trabalho fosse feito por um único profissional a força de trabalho se tornaria uma mercadoria menos vantajosa para o capitalista, porque o trabalhador só lhe proporcionaria o lucro da mais-valia produzida pelo trabalho excedente e não uma maior expansão do capital através do aumento de produtividade. 
O capitalista aproveita o máximo possível seu capital constante - matéria-prima e instrumentos que por si só não acrescentam valor ao produto – e com o seu capital variável – força de trabalho que é o que acrescenta mais valor ao produto - não é diferente, pois com a utilização máxima da força de trabalho o capitalista terá maior quantidade de valores de uso dentro da mesma quantidade de tempo e consequentemente aumentará o seu lucro, objetivo último do processo capitalista.

4) Explique as características da gerência enquanto controle do trabalho alheio (administração científica).

A gerência busca superar o desinteresse do trabalhador e neutralizar sua resistência às condições de trabalho que os impele a desumanização. No processo de produção capitalista ocorre a valorização do capital por meio da exploração do trabalho, portanto, torna-se necessário a racionalização dos meios de produção e da força de trabalho e consequentemente o controle sobre o trabalhador para produzir cada vez mais lucro. 
O capitalista busca por meio da gerência o controle para que se dê a expansão do capital com total aproveitamento dos meios de produção e da força de trabalho, encontrando respaldo na própria forma de organização do processo de produção que se dá através da divisão pormenorizada do trabalho abrindo margem para que a gerência desempenhe seu papel de controle do trabalho alheio. 
A divisão pormenorizada do trabalho implica na separação do trabalho intelectual e manual dissociando-se a concepção da execução, restringe-se ao trabalhador a função de execução através de sua habilidade física privando-o da participação intelectual, pois lhe cabe apenas a tarefa parcelar e repetitiva ocasionando a desqualificação do trabalhador e a desumanização. Somente ao final do processo de produção da mercadoria no nível do trabalhador coletivo resgata-se o sentido humano do trabalho e a unidade substancial de concepção e execução. No entanto, esta unidade pertence ao capitalista que se apropria de todo o saber produtivo e intelectual submetendo o trabalhador ao seu poder neutralizando-o e cerceando-o. 
Como não cabe ao trabalhador a função de concepção a gerência determina o ritmo e o método de trabalho que atenda aos interesses capitalistas, porém a mesma não poderia determiná-los se fossem concebidos pelo trabalhador para atender a seus interesses, torna-se a concepção um instrumento de controle da gerência que classifica e tabula os conhecimentos que os trabalhadores possuíam reduzindo-os a normas, fórmulas ou leis para que o trabalhador execute diariamente com isso existem os poucos que pensam nas formas de conseguir produzir para obter mais capital e outros apenas desempenham uma pequena parte do processo de produção fazendo isso de maneira cada vez mais mecânica.

5) Como a burocratização das atividades no interior das empresas é vantajosa para a administração capitalista (sentido técnico e político)? Dê exemplos de como esse modelo acontece nas escolas. 

Para a administração capitalista todos os princípios e regras da divisão pormenorizada do trabalho devem ser aplicados ao trabalho intelectual e não só ao manual. Esta burocratização é vantajosa para administração capitalista, num sentido técnico, porque com a execução de um trabalho repetitivo o trabalhador adquiri habilidade e aumenta a produtividade e consequentemente a mais-valia favorecendo a expansão do capital, num sentido político, porque por meio da divisão pormenorizada do trabalho o trabalhador fica submetido as decisões da gerência e ao controle do capital sobre o trabalho que detém todo o saber e segue dominando todos os ramos e setores da produção tanto horizontalmente quanto verticalmente diminuindo cada vez mais as alternativas de trabalho da classe trabalhadora, perpetuando-se a dominação político-econômica. 
Exemplo: Cada trabalhador da escola é incumbido de um tipo de tarefa determinada pela equipe gestora, que também tem o seu trabalho subdividido, tendo sempre uma hierarquização e o controle do trabalho alheio feito por um segmento sobre o outro.


Referência
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: Introdução Crítica. 11ª ed.  São Paulo: Cortez, 2002.