terça-feira, 2 de outubro de 2012

A Administração Capitalista

1) Com se dá o processo de produção capitalista?

No processo de produção capitalista os meios de produção que são: a matéria-prima e os instrumentos de produção (ferramentas máquinas, etc.) e a força de trabalho que é toda energia humana gasta no processo de produção, que acrescenta ao produto final mais valor do que o que ela mesma possui, se tornam mercadorias.
O valor da força de trabalho se mede pelo tempo de trabalho socialmente necessário para produzi-la. Esta força de trabalho se produz e reproduz pelo consumo dos meios necessários à subsistência do trabalhador e de sua família. 
Para suprir suas necessidades o trabalhador vende sua força de trabalho e nesse processo produz mais que o necessário à sua subsistência e de sua família produzindo um trabalho excedente. 
O capitalista investe dinheiro na compra de mercadorias: meios de produção e força de trabalho que serve para fazer um produto que será vendido e transformado em uma maior quantidade de dinheiro em relação ao empregado inicialmente. 
Para obter esta maior quantidade de dinheiro o capitalista se vale do trabalho excedente do trabalhador. O valor produzido pelo trabalhador durante o tempo de trabalho excedente é a chamada mais-valia, objetivo último do processo capitalista.

2) “O processo de produção capitalista só se sustenta, pois a partir da exploração do trabalho alheio” p. 44. Explique a afirmação. 

O capitalista se apropria da mais-valia que se constitui na exploração do trabalho, porque o mesmo não paga o trabalhador por todo o trabalho realizado, apenas pelo necessário para produzir o valor de sua força de trabalho que é o necessário para o trabalhador e sua família subsistir.

3) De que formas ocorre a expansão do capital? Explique: 
a) Materialização no produto de valor superior (meios de produção e força de trabalho) 
b) Venda das mercadorias (preço+qualidade) 

A expansão do capital ocorre por meio da mais-valia gerada pelo trabalho excedente produzido pela força de trabalho vendida ao capitalista que é inerente ao modo de produção capitalista e através do prolongamento da jornada de trabalho e/ou pelo aumento da intensidade do trabalho que gera a mais-valia absoluta que é constituída pelo aumento da exploração da força de trabalho. No entanto, este tipo de exploração, encontra barreiras naturais e sociais por conta das capacidades físicas do trabalhador e de sua resistência à exploração ilimitada de sua capacidade de trabalho. 
Com o desenvolvimento do processo de produção capitalista e com a luta de trabalhadores por melhores condições de trabalho pela redução da jornada de trabalho, o capitalista passa a dispor de outros meios para expandir seu capital por meio do aumento da produtividade do trabalho que implica no aumento relativo do tempo de trabalho excedente, reduzindo-se o tempo de trabalho necessário sem prolongar a jornada de trabalho e/ou sua intensidade decorrendo na mais-valia relativa, o que incidi em uma mudança no processo de trabalho. 
Para expandir seu capital continuamente o capitalista investe na produção de valores de uso, sendo necessário que as mercadorias produzidas materializem valor superior ao que foi investido inicialmente nos meios de produção – matéria-prima e instrumentos – e na força de trabalho e que as mercadorias produzidas sejam vendidas, para isso é preciso que os produtos apresentem preço e/ou qualidade vantajosas em relação aos concorrentes. É a partir do aumento da produtividade que essas vantagens são asseguradas. 
Este aumento de produtividade implica na mudança do processo de trabalho surgindo assim a divisão pormenorizada do trabalho que incumbe ao trabalhador apenas uma parcela do trabalho total que é realizado por todos os trabalhadores empenhados na produção de determinada mercadoria, culminando na elevação da produtividade, pois não se perde tempo passando de uma etapa do trabalho a outra, ganha-se destreza na parcela que lhe foi incumbida e a invenção das máquinas abreviam o trabalho. No entanto, promove-se a desumanização do trabalhador e o desgaste de suas potencialidades físicas e espirituais, tonando-o um ser desestimulado e não-pensante porque aliena-o do produto de seu trabalho que é a capacidade que o torna humano e social, é a máquina que utiliza o trabalhador determinando o ritmo de produção, priva-se assim o trabalhador de exercitar sua inteligência. Esse processo de produção é vantajoso para o capitalista, pois produz mais e o mesmo pode comprar separadamente a capacidade de trabalho que necessita em determinada etapa do trabalho barateando a força de trabalho, pois se todo o processo de trabalho fosse feito por um único profissional a força de trabalho se tornaria uma mercadoria menos vantajosa para o capitalista, porque o trabalhador só lhe proporcionaria o lucro da mais-valia produzida pelo trabalho excedente e não uma maior expansão do capital através do aumento de produtividade. 
O capitalista aproveita o máximo possível seu capital constante - matéria-prima e instrumentos que por si só não acrescentam valor ao produto – e com o seu capital variável – força de trabalho que é o que acrescenta mais valor ao produto - não é diferente, pois com a utilização máxima da força de trabalho o capitalista terá maior quantidade de valores de uso dentro da mesma quantidade de tempo e consequentemente aumentará o seu lucro, objetivo último do processo capitalista.

4) Explique as características da gerência enquanto controle do trabalho alheio (administração científica).

A gerência busca superar o desinteresse do trabalhador e neutralizar sua resistência às condições de trabalho que os impele a desumanização. No processo de produção capitalista ocorre a valorização do capital por meio da exploração do trabalho, portanto, torna-se necessário a racionalização dos meios de produção e da força de trabalho e consequentemente o controle sobre o trabalhador para produzir cada vez mais lucro. 
O capitalista busca por meio da gerência o controle para que se dê a expansão do capital com total aproveitamento dos meios de produção e da força de trabalho, encontrando respaldo na própria forma de organização do processo de produção que se dá através da divisão pormenorizada do trabalho abrindo margem para que a gerência desempenhe seu papel de controle do trabalho alheio. 
A divisão pormenorizada do trabalho implica na separação do trabalho intelectual e manual dissociando-se a concepção da execução, restringe-se ao trabalhador a função de execução através de sua habilidade física privando-o da participação intelectual, pois lhe cabe apenas a tarefa parcelar e repetitiva ocasionando a desqualificação do trabalhador e a desumanização. Somente ao final do processo de produção da mercadoria no nível do trabalhador coletivo resgata-se o sentido humano do trabalho e a unidade substancial de concepção e execução. No entanto, esta unidade pertence ao capitalista que se apropria de todo o saber produtivo e intelectual submetendo o trabalhador ao seu poder neutralizando-o e cerceando-o. 
Como não cabe ao trabalhador a função de concepção a gerência determina o ritmo e o método de trabalho que atenda aos interesses capitalistas, porém a mesma não poderia determiná-los se fossem concebidos pelo trabalhador para atender a seus interesses, torna-se a concepção um instrumento de controle da gerência que classifica e tabula os conhecimentos que os trabalhadores possuíam reduzindo-os a normas, fórmulas ou leis para que o trabalhador execute diariamente com isso existem os poucos que pensam nas formas de conseguir produzir para obter mais capital e outros apenas desempenham uma pequena parte do processo de produção fazendo isso de maneira cada vez mais mecânica.

5) Como a burocratização das atividades no interior das empresas é vantajosa para a administração capitalista (sentido técnico e político)? Dê exemplos de como esse modelo acontece nas escolas. 

Para a administração capitalista todos os princípios e regras da divisão pormenorizada do trabalho devem ser aplicados ao trabalho intelectual e não só ao manual. Esta burocratização é vantajosa para administração capitalista, num sentido técnico, porque com a execução de um trabalho repetitivo o trabalhador adquiri habilidade e aumenta a produtividade e consequentemente a mais-valia favorecendo a expansão do capital, num sentido político, porque por meio da divisão pormenorizada do trabalho o trabalhador fica submetido as decisões da gerência e ao controle do capital sobre o trabalho que detém todo o saber e segue dominando todos os ramos e setores da produção tanto horizontalmente quanto verticalmente diminuindo cada vez mais as alternativas de trabalho da classe trabalhadora, perpetuando-se a dominação político-econômica. 
Exemplo: Cada trabalhador da escola é incumbido de um tipo de tarefa determinada pela equipe gestora, que também tem o seu trabalho subdividido, tendo sempre uma hierarquização e o controle do trabalho alheio feito por um segmento sobre o outro.


Referência
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: Introdução Crítica. 11ª ed.  São Paulo: Cortez, 2002.

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