sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Desenvolvimento da Linguagem

Anatomia e Fisiologia da Linguagem \ Fala
LINGUAGEM - Lobo Temporal Esquerdo (Área de Wernicke)
- Aprendizagem
- Interpretação
FALA - Lobo Frontal (Área de Broca)
(motora)

LINGUAGEM

A Linguagem não é apenas uma coleção de sons. É usada como símbolos, com significado(s).
- É um “Sistema Arbitrário de Símbolos” (Brown, 1965). à Palavras (ou gestos) representam coisas. A combinação específica de sons (ou gestos) que representam um objeto, um acontecimento ou uma relação varia de uma linguagem para outra, os símbolos são arbitrários.
- É governada por regras - Toda linguagem tem regras para reunir símbolos (ordenar as palavras nas frases, criar novas palavras – superlativos e comparativos – tempos verbais e plural).
- É criativa - falantes da língua combinam símbolos e criam novos significados. Quando falamos não estamos restritos a um repertório de frases que ouvimos e aprendemos; criamos frases de acordo com a necessidade do momento, seguindo as regras da nossa linguagem.
Fase Pré-linguística (O Processo Antecede a Primeira Palavra).
A) Percepção Inicial da Linguagem. Habilidades Perceptuais: desde muito cedo – mesmo antes do nascimento – o bebê presta atenção a aspectos cruciais da linguagem que escuta, como ênfase e entonação.
- Os bebês nascem ou logo desenvolvem, uma capacidade notavelmente boa de discriminar sons da fala. Com um ou dois meses, eles prestam atenção e percebem a diferença entre os sons de várias letras; poucos meses depois, são capazes de discriminar, com clareza, sílabas e palavras. E, além disso, percebem que esses sons da fala são acompanhados pelos movimentos de boca do falante.
- Nos primeiros meses os bebês são sensíveis aos padrões de entonação e ênfase da fala. Os fetos de 8 meses respondem de formas diferentes a rimas conhecidas e desconhecidas. Essa habilidade à ênfase e ao padrão torna-se ainda mais evidente nos primeiros meses de vida. Bebês de 5 meses sorriem mais quando ouvem gravações de adultos dizendo algo em tom aprovador do que quando o tom é proibitivo (em qualquer língua).
- Está Habilidade Perceptual não é imediatamente acompanhada por uma boa habilidade para produzir sons.

Fala Motherese:

- Originalmente denominada assim pelos linguístas.
- Atualmente denominada Linguagem Dirigida ao Bebê.
- Linguagem com vocabulário concreto e gramaticalmente mais simples.
- Voz em frequência mais aguda, com ritmo mais lento do que aquele empregado na fala entre adultos.
- Padrão conhecido como Expansão ou Remodelação: Repetição da mesma frase, com pequenas variações. O adulto repete a frase emitida pela criança, de uma forma mais longa e correta.
- O bebê com poucos dias de vida é capaz de discriminar entre a fala Motherese e a fala dirigida a um adulto. O bebê prefere a fala motherese, independentemente da língua em que ela é falada e/ou o tipo de voz – feminina ou masculina).

A) Primeiros Sons

- CHORO (nascimento até o 1º mês é o som mais comum que o bebê produz) + sons de satisfação, gorgolejo e reclamação.
- RISOS e SONS VOCÁLICOS DE ARRULHO (ex: uuuuuuu). Esses sons geralmente são sinais de prazer e podem apresentar grande variação em intensidade, altura e entonação.
- SONS de CONSOANTES (6 OU 7 MESES) quando o bebê passa a ter o controle muscular necessário para combinar um som de consoante com um som de vogal.
- BALBUCIO (entre 6 e 9 meses). Grande aumento nas combinações vogal-consoante. Constitui cerca da metade dos sons do bebê – fora do choro – dos 6 aos 12 meses de idade. Grande parte do BALBUCIO inicial envolve sequências repetitivas das mesmas sílabas (ex: dadadadada).
- JARGÃO ou BALBUCIO VARIADO é uma forma de balbucio ainda mais parecido com a fala convencional. O bebê encadeia sílabas diferentes, muitas vezes com inflexão de frase. Essas novas combinações de sons são mais fáceis de ser imitadas pelos adultos do que os sons iniciais, porque o balbucio tem mais o ritmo e o som da fala adulta.
1º ) “ Aprender a melodia antes das palavras” :
- Balbucio com uma entonação mais alta no final de uma sequência de sons - desejo de resposta.
- Balbucio com uma entonação mais baixa no final de uma sequência de sons - não requer uma resposta.
2º) Quando os bebês começam a balbuciar, eles balbuciam todos os tipos de sons, incluindo alguns que não fazem parte da linguagem que ouvem.
Por outro lado, aos 9 ou 10 meses, seu repertório de sons começa a aproximar-se do conjunto de sons que eles escutam ao seu redor, e os sons não-ouvidos vão sumindo.
O jogo imitativo que pode então se desenvolver entre mãe\pai e a criança não é apenas um prazer para ambos, mas pode ser também uma ajuda ao bebê para aprender a linguagem.

B) Primeiros Gestos

Uma outra parte desse processo desenvolvimental parece ser uma espécie de linguagem gestual que surge por volta do 9 ou 10 meses.
9 ou 10 meses - bebês “exigem” ou “pedem” algo por meio de gestos ou uma combinação de gestos e sons + fazem jogos gestuais como “bater palminhas”, “tããããão grande” ou “dar tchau”.

C) Linguagem Receptiva

Através de algumas pesquisas constatou-se que a linguagem receptiva vem antes da linguagem expressiva.
9 ou 10 meses - Início dos gestos significativos;
Balbucio - Sons da linguagem ouvida\ adulta.
Jogos gestuais imitativos;
Início da compreensão das palavras (compreende ordens simples e se beneficiam muito da exposição a uma linguagem rica e variada).

Primeiras Palavras

- 12 ou 13 meses - “ Uma palavra, como os linguístas normalmente definem, é um som ou um conjunto de sons empregados, consistentemente, para se referir a alguma coisa, ação ou qualidade. Mas ela pode ser qualquer som. Não precisa ser um som igual às palavras que os adultos usam.” (ex: mama \ mamãe e mama \ mamadeira ou chá).
- 12 a 18 meses - aprendizagem de aproximadamente 30 palavras.

A) Explosão dos Nomes

16 a 24 meses - aprendizagem de novos vocábulos rapidamente e compreensão de que as coisas\pessoas (substantivos) têm nomes. Os verbos são adquiridos posteriormente.
Pesquisas: 16 meses com aproximadamente 50 palavras; 24 meses com 320 aproximadamente palavras.
Nem todas as crianças apresentam o mesmo padrão: saltos no vocabulário; aquisição gradual de vocabulário.

B) Aprendizagem Posterior das Palavras

2 anos e meio - vocabulário médio de 600 palavras (1\4 são verbos)
3 ou 4 anos - aprestam atenção às palavras em grupos inteiros, tal
Como palavras que nomeiam objetos de uma mesma classe (tipos de dinossauro ou frutas) ou palavras com significado semelhante.
5 ou 6 anos - vocabulário de aproximadamente 15 mil palavras.
9 a 11 anos - maior ganho refere-se ao conhecimento de palavras que Jeremy Anglin (1993; 1995) chama de palavras derivadas (palavras que têm uma raiz básica à qual se acrescenta um sufixo ou prefixo).

O Desenvolvimento do SIGNIFICADO das Palavras

- Para compreender o desenvolvimento da linguagem não é suficiente saber como as crianças aprendem a juntar palavras para formar frases. É preciso compreender também como as palavras nestas frases passam a ter significado.
A criança aprende uma determinada palavra para descrever uma categoria ou classe que ela já criou a partir da manipulação que faz do mundo que a cerca OU a exigência de uma palavra obriga a criança a criar novas categorias cognitivas
- Do Pensamento para a Linguagem - No lado cognitivo do debate há várias evidências como o fato de bebês bastante jovens serem capazes de lembrar e imitar comportamentos, bem antes de terem uma linguagem para ajudá-lo. Outras evidências da primazia cognitiva vêm do estudo do uso que a criança faz de várias preposições (em, entre, na frente de) que só parecem ser usadas, de modo espontâneo, depois de a criança ter aprendido o conceito.
A explosão também pode ter relação com novos entendimentos cognitivos. Vygotsky observou que, em algum momento do segundo ano de vida, a criança parece “descobrir” que os objetos têm nomes e começa a perguntar o nomes de todos os objetos que vê. Essa nova descoberta, por sua vez, talvez dependa de outra capacidade cognitiva: a capacidade de classificar coisas. Após vários estudos linguístas descobriram que a explosão dos nomes costuma ocorrer logo depois ou ao mesmo tempo em que a criança começa a “classes”, a criança aprende com rapidez os nomes para as classes já existentes.
- Da Linguagem para o Pensamento - Depois que a criança compreende, de alguma maneira primitiva, que os nomes se referem a classes, aprender um novo nome sugere a existência de uma nova classe.
Assim, o nome afeta o pensamento da criança tanto quanto o contrário.

Ampliando a Classe

Que tipo de classes a criança cria primeiro?
Como a classe se amplia na linguagem da criança?
As crianças tendem a usar palavras de forma limitada ou ampla, sub ou superampliando os termos?
- Subampliação: é mais comum nos estágios iniciais, em especial antes da explosão dos nomes, o que sugere que a maioria das crianças, a princípio, pensa nas palavras como pertencendo a apenas uma coisa.
- Superampliação: ocorre com o início da explosão dos nomes e a criança parece compreender a ideia de que as palavras referem-se também a classes. Todas as crianças parecem apresentar a superampliação, mas as classes específicas criadas pela criança são exclusivas dela.

Limitações na Aprendizagem das Palavras

Como a criança percebe a qual parte da cena uma palavra está se referindo?
- É uma atividade complexa.
- A criança opera com as limitações: Inatas ou Empíricas.
A) A criança só consegue lidar com essa tarefa complexa se operar com algumas inclinações ou limitações inatas.
- Limitação de Objeto Total - a criança tem uma suposição inicial inata de que as palavras se referem a objetos totais, e não as suas partes ou aos seus atributos.
- Limitação de Exclusividade Mútua - leva a criança a supor que os objetos terão apenas um nome.
- Principio do Contraste - é a suposição de que cada palavra tem um significado diferente. Assim, se é empregada uma palavra nova, ela deve se referir a um objeto diferente ou a um aspecto diferente do objeto.
B) A criança aprende os vários princípios ao longo do tempo.
As limitações podem ser uma maneira muito útil de a criança aprender palavras rapidamente, mas que elas podem ser um produto do desenvolvimento cognitivo/linguístico em vez de serem a base para ele.

Utilizando a Linguagem : Comunicação e Autodireção

Como as crianças aprendem a utilizar a linguagem, seja para se comunicar com os outros (aspecto da Linguagem chamado Pragmática), seja para regular o próprio comportamento?
Quão cedo as crianças sabem que tipo de linguagem utilizar em situações específicas?
Quão cedo elas aprendem as “regras” de uma conversa?
- Pragmática da Linguagem - as crianças parecem aprender a pragmática da linguagem bem cedo.
- 18 meses: a criança apresenta padrões de olhar semelhantes aos dos adultos quando estão conversando com os pais ( elas olham para a pessoa que está falando, desviam o olhar no início da sua vez de olhar e depois olham outra vez para o seu interlocutor, sinalizando que está prestes a parar de falar.
- 2 anos: a criança adapta a forma da sua linguagem à situação e/ou a seus interlocutores.
- Linguagem e Autocontrole - as crianças usam ainda a linguagem para ajudar a monitorar ou controlar o próprio comportamento.
“Linguagem Privada”: frases fragmentadas; murmúrios ou instruções para si mesma; descrições das ações; detectada bem cedo.
Para crianças pequenas é audível.
Para crianças maiores ela só é audível quando estas estão lidando com situações novas e/ou com grau de dificuldade elevado. Em outras situações esta linguagem é “interna”.
A criança utiliza audivelmente a linguagem para se lembrar de alguma estratégia nova ou complexa de processamento. Depois que essa estratégia for exercitada e flexivelmente aprendida a linguagem manifesta audível não é mais necessária.

Diferenças Individuais no Desenvolvimento da Linguagem

- As sequências do desenvolvimento da linguagem são, de maneira geral,as mesmas, mas velocidade com que as crianças adquirem as habilidades de linguagem varia.
Diferenças de Ritmo
- Explicações Genéticas.
- Explicações Ambientais.
Diferenças de Estilo
- Estilo Expressivo (também denominado Estilo Holístico): vocabulário inicial não é constituído predominante por substantivos. Em vez disso, a maioria de suas primeiras palavras está ligada a relações sociais, e não a objetos (pronomes –EU/VOCÊ – “palavras-sociais” – NÃO / SIM / POR FAVOR / QUERO – sequência de palavras – AMO VOCÊ / FAZ ISSO / VÁ EMBORA).
- Estilo Referencial: vocabulário inicial é constituído, na maioria dos casos, por nomes para coisas ou pessoas. Crianças mais cognitivamente orientadas e que são atraídas pelos objetos.

Bibliografia
BEE, Helen. O Desenvolvimento da Linguagem. IN: BEE,Helen. A Criança em Desenvolvimento. Artmed. 9ª edição

Um comentário:

  1. oiee catia passei retribuir sua visita...adorei seu blog...muito bem elaborado!!!parabens

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